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MUNICÍPIOS DE BARLAVENTO

Ilhas de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boavista

Município Ribeira Grande

O Concelho da Ribeira Grande é uma das divisões administrativas mais antigas de Cabo Verde.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

Sendo uma Câmara antiga, a Ribeira Grande acompanhou todas as mudanças políticas havidas no arquipélago sob a administração portuguesa até 1975, abrangendo o período da corte do Rio de Janeiro, o período Liberal, a República e o Estado Novo. Entre 1835 e 1974, o Concelho teve por gestor um Administrador que acumulava as funções de delegado do Governo, chefia da Câmara, Polícia e Justiça e supervisionava os regedores das freguesias.

Com a independência, o poder local passou a ser representado pelo Delegado do Governo e, neste quadro, os moradores locais participavam, através das organizações de massas, ainda que de forma estreita, na escolha do Conselho Deliberativo, mas havia margem de dúvida e conflitos entre a hierarquia do Estado e do Partido na gestão do Município, uma vez que a estrutura partidária se organizava nas localidades e tinha um secretário ao nível municipal. Com a mudança do regime político, em 1991, passou a haver eleições municipais, com a figura da Câmara e da Assembleia Municipal.

Criação

A fundação do município da Ribeira Grande remonta à primeira metade do século XVIII, com a criação da primeira câmara na ilha de Santo Antão, ainda em processo de consolidação do seu povoamento.

Localização geográfica

O concelho da Ribeira Grande de Santo Antão está localizado na região setentrional da ilha, no arco Nordeste, abrangendo um complexo de terras altas, a cotas de mais de mil metros, escavadas em vales profundos atravessando espessas camadas de basalto, criando retalhos de monumentos naturais em bancadas de basaltos alternados de piroclastos e sedimentos continentais de diferentes épocas. A orla costeira termina em arribas vigorosas.

Fica junto à foz e na confluência de duas importantes ribeiras que desaguam a Nordeste, respetivamente Ribeira da Torre e Ribeira Grande. O núcleo central da cidade fica numa rechã, na base de uma escarpa interior a montante da confluência das citadas ribeiras. Penha de França fica num morro estreito e elevado de 50 metros na margem esquerda da Ribeira Grande. Tarrafal fica junto ao mar na margem direita das ribeiras, na base de uma grande arriba com mais de 150 metros de comando no Monte São Miguel.

População

Nos meados de 2010 tinha uma população de 18.890 habitantes, correspondente a 3,8% da população do país. Havia na altura 4551 agregados familiares, com um tamanho médio de 4,2 habitantes por agregado, distribuídos pelos centros urbanos, semi-urbanos e rurais. Segundo o mesmo Censo, 24,5% da população era urbana e 75,5% era rural, o que demonstra elevada dispersão rural em comparação com a média nacional de 61,8% urbano.

A economia da ilha e do município é caracterizada fundamentalmente por disfunções de ordem estrutural que se prendem essencialmente com a escassez de espaço e de recursos naturais, fraca concentração de capital e baixa valorização dos recursos humanos.

No domínio da produção esta é fortemente dominada pelo sector primário, com incidência nas atividades da agricultura, pesca e pecuária. Todas essas atividades são exploradas em regime de subsistência e de acentuada fragilidade. Dos 5164 hectares de sequeiro cultiváveis, 46% localizam-se neste município dos quais 95% são explorados com culturas do milho e feijão. Por outro lado, 48% do regadio da ilha está localizado no município da Ribeira Grande. Do regadio disponível cerca de 80% é dedicada a cana sacarina e a produção da aguardente.

Agricultura

No cômputo geral da ilha, o município da Ribeira Grande detém 46% das terras cultiváveis em regime de sequeiro que são usadas nas culturas de milho e feijão. As terras de regadio estão concentradas em vales estreitos e em terraços conquistados nas vertentes íngremes, onde os Andros solos constituem parcelas importantes nas terras de regadio. O município detém 48% das terras de regadio da ilha, as principais culturas são a cana sacarina e as fruteiras. A praga de mil-pés (Spinotarsus caboverdus) foi um desastre para as culturas de tubérculos e a ilha ficou de quarentena em relação ao principal mercado do país.Pecuária

Regra geral, a pecuária na Ribeira Grande é uma atividade complementar da agricultura. Segundo os dados do recenseamento geral de agricultura de 2004 os efetivos pecuários da Ribeira Grande eram pouco expressivos à escala nacional, o que se compreende pelas limitações de ordem topográfica e a incompatibilidade da pecuária com as hortas de regadio. Nesta altura, havia 365 bovinos (correspondente a 44% dos efetivos da ilha); 60 cabeças de ovinos (36%); 8.246 caprinos (34,6%); 3292 suínos (42% do total da ilha). O mesmo censo avalia a existência de 19.328 aves, principalmente galinhas de capoeira ao redor das casas.

Indústria

O sector industrial é incipiente, sendo de realçar para além da produção da aguardente algumas iniciativas no domínio do engarrafamento de água e panificação.

O sector terciário representa cerca de 50% do VAB do concelho, sendo este representado essencialmente pelo Comércio, Serviços Privados e Públicos, Transportes, Comunicação e Serviços diversos.

Comércio

O comércio constitui uma atividade económica de grande animação nos centros urbanos principalmente na cidade de Ribeira Grande, com destaque para o comércio a retalho e informal.

Predomina essencialmente o comércio a retalho com forte dependência do mercado de S. Vicente, quer no domínio do abastecimento de mercadorias (produtos importados) quer como mercado consumidor dos produtos agrícolas produzidos em Santo Antão.

Pesca

A pesca não obstante as potencialidades é explorada de forma artesanal. O rendimento é fraco e emprega pouca gente. Domina a pesca artesanal na orla costeira, com descarga sobretudo em Ponta do Sol, Sinagoga, Tarrafal.

A estreita plataforma da ilha e a forte tradição rural constituem constrangimentos ao desenvolvimento do sector. Os pescadores costumam fazer campanhas nas ilhas desertas, Santa Luzia e ilhéus Branco e Raso, onde a plataforma é mais extensa, mas constitui uma faina perigosa pela fragilidade das embarcações usadas. No cômputo geral, São Antão é a terceira ilha no volume da pesca artesanal, depois de Santiago e São Vicente.

O Turismo é um sector em franca expansão, assistindo-se nos últimos tempos a uma forte apetência para investimentos neste sector na Ilha de Santo Antão e no Concelho de Ribeira Grande em particular.

Todavia a sua dinâmica é ainda fortemente condicionada por fatores como os transportes marítimos, baixo nível de capacitação dos recursos humanos, etc. Se se garantir essas condições e ponderar no sentido da exploração sustentada dos recursos ambientais, é de prever que esse sector seja promissor para o desenvolvimento do Concelho.

Atrativos turísticos naturais

Dominam no Concelho as ribeiras, vales profundos e altivos, bacias hidrográficas muito bem definidas, designadamente a da Ribeira da Torre; o vale da Ribeira Grande que inclui as sub-bacias de Ribeira de Duque, Figueiral, João Afonso, Chã de Pedras, Caibros e Despenhadeiro, bem como a Ribeira da Garça, Figueiras e Ribeira Alta, constituem um conjunto impressionante de vales com uma dispersão populacional muito acentuada.

Ribeira Grande

A Ribeira Grande, que ocupa a parte setentrional da ilha, possui uma exposição geográfica para o Nordeste, destacando-se pelo facto do seu território, do ponto de vista bioclimático, e segundo a Carta de Zonagem Agro-Ecológica e de Vegetação, ocupar, quase na sua totalidade os estratos húmido, sub-húmido, e semi-árido (com exceção da zona árida de Cruzinha), o que lhe confere uma vegetação importante no contexto nacional.

O relevo muito acidentado desta região da Ilha, a morfologia, o regime hídrico, a vegetação natural, o património construído, donde se destaca toda a agricultura de regadio armada em socalcos, (numa obra prima de conservação e aproveitamento de solos e água, só comparável às reminiscências das civilizações antigas dos Incas e dos Maias, na cordilheira dos Andes) designadamente dos Vales de Ribeira da Torre, Vale da Ribeira Grande (Figueiral, João Afonso, Chã de Pedras, Caibros, incluídos), o Vale da Garça, Figueiras e Ribeira Alta, constituem um panorama espetacular onde o natural se mistura com o humanizado numa perfeita simbiose que importa defender.

A linha de costa é isenta de praias, mas em contrapartida de grande beleza e espetacularidade, onde as rochas imponentes caem abruptamente sobre o mar e, este, muitas vezes tenebroso, cria um quadro de rara singularidade de luz e de som ao embater nas rochas.

Parque Natural de Moroços

O Parque Natural de Moroços ocupa a parte mais alta da bacia do Planalto Leste e está compreendida entre as cotas dos 1.400 e 1.800 metros. Possui uma área de 818 hectares. Dessa área, 71 hectares (8,7%) pertencem ao concelho da Porto Novo e 746 hectares (91,3%) pertencem ao Concelho da Ribeira Grande. A paisagem é fascinante, devido às características geomorfológicas do parque que consistem na existência de encostas escarpadas e rochosas de Cabeceiras da Ribeira da Garça, bem como solos de pozolana, todos atrativos de grande valor para quem aprecia a Natureza.

Parque Natural Cova/Ribeira da Torre

O Parque Natural Cova/Paul/Ribeira da Torre está localizado na vertente setentrional da ilha de Santo Antão nos limites do Concelho da Ribeira Grande, entre os meridianos 25º 2’ e 25º 5’ 30’’ de longitude W e os paralelos 17º 6’ 20’’ e 17º 8’ 30’’ de latitude N. A altitude mínima do parque é de aproximadamente 400 metros na Zona de Xoxó e a altitude máxima correspondente ao Pico da Cruz com cerca de 1.585 metros. Os limites do parque são: a Este - Pico da Cruz/Pêro Dias; a Oeste - Espongeiro; a Norte - Xoxó; a Sul – Cova (ver Ilustração 3).

Reserva Natural da Cruzinha

Cruzinha de Garça é uma zona onde desembocam várias ribeiras, entre as quais a Ribeira da Garça e a Ribeira do Mocho. Cruzinha é a única amostra representativa de ecossistema de zonas litorais do Município de Ribeira Grande de Santo Antão.

A sua paisagem dunar contrasta com as orlas costeiras, rochosas, em geral escarpadas. Estas zonas escarpadas comportam uma vasta gama de vegetação aplicada em áreas diversificadas, designadamente na alimentação dos moradores e do gado (caprino, bovino, asinino, etc.), e na cura de diversas doenças. Trata-se de uma zona com enormes potenciais naturais que poderão ser aproveitadas para o fomento do turismo baseado na Natureza.

Vale da Ribeira da Torre

Uma das ribeiras mais sinuosas de Santo Antão, a Ribeira da Torre é um convite à descoberta de pequenas plantações de banana, ao longo das encostas e propriedades agrícolas familiares ricas e exuberantes). Cana-de-açúcar, banana, mandioca, papaia, bata-doce, são produtos que se podem encontrar aqui, ao lado de árvores de fruta-pão e um dos mais antigos trapiches de aguardente da região.

Atravessada por cursos de água de regadio que desce das encostas, a estrada moderna e asfaltada penetra a ribeira, onde serpenteiam levadas que trazem a água fresca das fontes no alto das rochas e dos reservatórios. O clima é mais fresco e húmido, porque os raios de Sol apenas aqui e ali se fazem sentir e durante poucas horas do dia. Ao atravessar o Vale da Ribeira da Torre, plantações e povoações sucedem-se e a ribeira estreita-se, entre duas vertentes agudas na rocha, para tornar a abrir-se num pequeno e curto vale.

As zonas a montante da Ribeira da Torre têm sido recentemente das mais visitadas em Santo Antão. A vegetação natural, sobretudo a das zonas escarpadas, beneficiadas pelos fatores climáticos (precipitação e humidade), é geralmente apontada como o elemento mais atraente do quadro paisagístico dessa área. A beleza dos agrupamentos de espécies tem sido muito apreciada pelos visitantes e turistas.

Vale da Ribeira Grande

Com relevo muito acidentado, o Vale da Ribeira Grande (Figueiral, João Afonso, Chã de Pedras, Caibros, incluídos), possui um clima ameno com temperaturas moderadas durante o ano e amplitude de variação térmica fraca. A morfologia, o regime hídrico, a vegetação natural, o património construído apresenta um panorama espetacular onde o natural se mistura com o humanizado numa perfeita simbiose que importa defender. De destacar toda a agricultura de regadio armada em socalcos, numa obra-prima de conservação e aproveitamento de solos e água.

As espécies vegetais mais representativas dessa região pertencem às coníferas (pinheiros, cupressus) e folhosas (eucaliptos, grevillea, acácias, losnas e ciprestes). E em abundancia encontra-se a língua de vaca, alevatão, marcelina, bálsamo e em pouca quantidade o dragoeiro.

Em termos de património construído urbano destacam-se as cidades da Ribeira Grande e Ponta do Sol. Nesta última é plena de edifícios com traços arquitetónicos de rara beleza onde sobressaem equipamentos e construções coloniais muito antigas, como o edifício da Câmara Municipal, a igreja de Nossa Senhora do Livramento, várias casas do tipo Sobrados, etc. Outro marco histórico é a Enfermaria Regional (onde o Dr. Agostinho Neto exerceria a medicina, enquanto estava preso pela PIDE em regime domiciliar).

Os atrativos naturais do concelho possibilitam aos visitantes e turistas a prática de vários desportos como o cannioning, pesca desportiva e mergulho, caminhadas a pé, trekking, ou outros desportos radicais que combinam com a natureza física da região.

O recanto ‘Estritin’

O recanto “Estritin” (Estreitinho em português) fica situado nos confins da ribeira de Caibros, dentro do vale da Ribeira Grande. Depois de passar pela cidade da Ribeira Grande, entra-se pela ribeira adentro e ao fim de uns 20 minutos a subir, existe uma linda cascata, ladeada por montanhas que, segundo os santatoneneses, atingem o céu. A água da cascata é fresca e cristalina. Nas grutas por onde escorre a água, formam-se espantosas estalactites e estalagmites. Um misto de encanto e medo invade o visitante que se assusta com o autoritarismo das rochas.

O Estritin é um lugar por excelência para fazer parte de um circuito de turismo com base na natureza. Lugares como este devem ser referenciados como monumentos naturais.

Delgadinho

O Delgadinho é um miradouro natural que se situa na antiga estrada a caminho da cidade de Ribeira Grande. Trata-se de um monumento natural que deve ser conservado e divulgado como um importante atrativo turístico. A vista é impressionante e de uma beleza rara. Dali pode-se avistar nitidamente, os cumes elevados da Ribeira de Duque e Ribeira da Torre, na sua máxima pujança de beleza natural.

Aldeias de Fontainhas, Corvo e Formiguinhas 

As zonas onde se situam as aldeias Fontainhas, Corvo e Formiguinhas são dotadas de beleza natural, diversidade paisagística e de montanha invejáveis, podendo estes locais serem transformados em atrativos turísticos de excelência. A estrada da cidade da Ponta do Sol para Fontainhas constitui um recurso turístico devido à sua originalidade.

Vale da Ribeira da Garça

A ribeira tem início nos relevos abruptos do Lombo Gudo, próximo do Gudo de Cavaleiro (1.810 m) e corre de sul para norte, desaguando no Oceano Atlântico a oeste da aldeia de Cruzinha da Garça.

O vale da Ribeira da Garça é extremamente encaixado, distinguindo-se das ribeiras situadas mais a leste (Ribeira Grande, Ribeira da Torre ou Ribeira do Paúl) pela existência de um verdadeiro canhão de paredes sub-verticais ao longo dos últimos 7 quilómetros. O canhão foi formado pelo entalhe recente de enchimento aluvionar, podendo atingir profundidades de muitas dezenas de metros.

Os terraços aluvionares (designados fajãs ou chãs) e as encostas trabalhadas em socalcos são aproveitadas para a agricultura por meio de um sistema de levadas para a irrigação. Cultiva-se cana-de-açúcar, banana, mandioca, inhame, etc.

O Vale da Ribeira da Garça pode ser percorrido em toda a extensão graças a uma rede de caminhos pedonais e de estradas secundárias.

Vale de Figueiras

O vale de Figueiras é considerado como o mais encravado da ilha de Santo Antão. No entanto é dotado de uma enorme beleza e contraste paisagísticos. Por ser ainda pouco visitado, este constitui um recurso turístico por explorar.

Vale da Ribeira Alta

É um dos principais vales do Município da Ribeira Grande mas juntamente com o Vale de Figueiras, é uma das zonas mais encravadas de Santo Antão. Trata-se de um vale com um enorme valor paisagístico e pode ser considerado virgem em termos de exploração turística.

Vale do Mocho

O vale do Mocho fica localizado em Cruzinha da Garça e é uma das zonas mais remotas do concelho da Ribeira Grande. Possui apenas 22 famílias residentes, 10 das quais chefiadas por mulheres e uma população de cerca de 120 habitantes. É muito conhecido pelo seu contraste paisagístico entre o verde e o árido.

Recursos naturais costeiros

A orla costeira no Concelho da Ribeira Grande caracteriza-se pela sua reduzida extensão que anda à volta de três dezenas de quilómetros de costa que vai desde Lombinho de Saudade, a Leste, até a margem esquerda da Ribeira dos Paus, a Oeste, fronteira com o Concelho do Porto Novo.

A orla apresenta-se muito recortada com relevos que caem abruptamente para o mar, dificultando assim a formação de praias. Ao longo desta costa desenvolvem-se apenas pequenas praias sazonais que vão de Maio a Setembro, nomeadamente: Praia de Sinagoga; Praia de Mão para Trás; Praia Pequena; Praia de Lisboa; Praia de Aranhas; Praia de Boca do Mocho. Para além dessas praias existem espaços balneares e de recreio, a saber: Lagedo Largo, Prainha e outros.

Pequenas enseadas nomeadamente de Sinagoga, Ponta do Sol, Cruzinha, Ribeira Alta e João Redondo deram origem a portos importantes de pesca artesanal constituindo, assim, porta aberta para melhor aproveitamento dos recursos oceânicos.

 

 

A população do Concelho da Ribeira Grande, integrado na ilha de Santo Antão, apresenta, à semelhança do resto do País, características forjadas na aculturação e difusão de um interlaçar de raças provenientes de vários quadrantes.

Com uma forma e especificidades próprias, o santantonense expressa a sua cultura e manifesta-se através da língua (o crioulo de Santo Antão), da gastronomia, da música, da dança (mazurca, contradança, valsa, morna e coladeira e do característico do colá S. João), da arte, do teatro, da participação efusiva nas romarias, tudo de forma peculiar e à sua maneira.

Assim encontramos traços e manifestações próprias como o uso do tambor e do barquinho nas festas de romaria típicas da ilha e nas deslocações feitas com os santos nas épocas festivas de uma localidade para outra.

Atrativos culturais materiais

O património construído urbano, de traços arquitetónicos de rara beleza onde sobressaem equipamentos e construções coloniais muito antigas, como a casa do Dr. Roberto Duarte Silva, um dos edifícios mais antigos de Ribeira Grande onde nasceu e viveu o cientista santantonense, a igreja de Nossa Senhora do Rosário, sobrados diversos, o antigo Posto Sanitário (atual associação de Diabéticos) o Ex Correios (atual sede SISA e Camara Comercio), etc.

Cidade da Ribeira Grande

A Cidade da Ribeira Grande, também vulgarmente conhecida como Povoação, é uma Cidade do Concelho do mesmo nome, na Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, na Ilha de Santo Antão. Foi elevada à categoria de Vila em 1732 e Cidade em 2010.

Fica situada na confluência dos Vales da Ribeira Grande e da Ribeira da Torre tornando-se um importante nó rodoviário que permite a ligação das estradas provenientes do Porto Novo pelo interior e pelo litoral leste à Ponta do Sol e às povoações dos vales da Ribeira da Torre e da Ribeira Grande, respetivamente.

A Cidade tem vários edifícios notáveis, como a Câmara Municipal do município da Ribeira Grande ou a Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Livramento. O edifício da Câmara Municipal é considerado por muitos, a construção de sede de município mais bonito de Cabo Verde.

Cidade de Ponta do Sol

A Cidade da Ponta do Sol (Pónta d’ Sol) é a sede do concelho da Ribeira Grande e fica situada numa fajã no extremo norte da ilha de Santo Antão, na Freguesia de Nossa Senhora do Livramento do Concelho da Ribeira Grande.

A Cidade tem vários edifícios notáveis, como a Câmara Municipal do município da Ribeira Grande ou a Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Livramento. O edifício da Câmara Municipal é considerado por muitos, a construção de sede de município mais bonito de Cabo Verde.

Cais de Boca de Pistola

Na Ponta do Sol fica situado o único aeródromo da ilha, que se encontra atualmente desativado. A Ponta do Sol tem igualmente um porto de pesca na zona conhecida como Boca da Pistola. Do património arquitetónico destacam-se os seguintes: Cais de Boca de Pistola, Ex armazém EMPA (casa de Adão Brigham), Casa Vitória, Casa Benjamin Cohen, Residência e ex-casa dos Magistrados, Registo Civil, Casa Nhô Kzik, Rua Direita, Cadeia (Fortaleza de Ponta do Sol), Foro de Cal, Casa do Presidente, Cemitério de Judeu.

Atrativos culturais imateriais

Encontramos traços e manifestações próprias como o uso do tambor e do barquinho nas festas de romaria típicas da ilha e nas deslocações feitas com os santos nas épocas festivas de uma localidade para outra. Um outro ritual que se encontra, mas que esta a cair em desuso é a pomba de Assunção que anuncia um bom ou mau ano agrícola.

As festas de romarias

As festas de romarias vêm de uma origem religiosa e pagã, que alguns estudiosos afirmam terem origem em rituais pagãos europeus, designadamente da Península Ibérica. As festas juninas são um exemplo, atribuindo-se a sua origem às festas pagãs de celebração das colheitas no mês de Junho e que a Igreja Católica terá absorvido, dando especial relevo aos santos desse mês, como S. António, S. João e S. Pedro.

Estas festas atraem um grande número de populares que festejam exuberantemente em toda a ilha de S. Antão, numa mistura ancestral do profano e religioso que se mantém vivo nos nossos dias, tendo inclusive ganho um novo folego nos últimos anos. Durante as mesmas há muitas manifestações tradicionais típicas como a música, a utilização de tambores, o leiloamento das oferendas dos santos, a gastronomia (em muitas localidades ainda preserva- se os hábitos alimentares que vem de longe) e a venda de produtos e materiais feitos a mão e em casa.

O principal risco ambiental nos bairros espontâneos está associado à gestão urbana, com a prevalência de condições precárias de habitação, deficiente abastecimento em bens essenciais como água e energia e deficiente recolha de resíduos. A vulnerabilidade aos riscos aumenta pela alta incidência da pobreza e irregularidade no emprego.

A educação ambiental poderá ser feita através das escolas e diretamente nas comunidades, numa ação concertada entre o Município as Delegações do Governo instalados no Concelho e as associações comunitárias de base usando para efeito os recursos previstos no âmbito do PANA II e ainda recursos mobilizados junto das organizações internacionais.

A formação deverá ser equacionada em concertação com as rubricas já analisadas, nomeadamente nos domínios de comunicação, informação e sensibilização nos domínios de ambiente, cidadania e saúde pública, envolvendo as associações comunitárias de base com apoio da Câmara Municipal.

Município de Paul

O Concelho do Paul é um concelho situado no extremo nordeste da ilha de Santo Antão, em Cabo Verde.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

Criação

O concelho do Paul foi criado em Abril de 1867, mas em finais do Séc. XIX foi fundido com o antigo Concelho da Ribeira Grande, passando os dois a constituir o Concelho de Santo Antão. O Concelho do Paul é uma das divisões administrativas mais antigas de Cabo Verde.

Em 1971 o Concelho de Santo Antão foi redividido em três Concelhos: Ribeira Grande, Paul e Porto Novo. A sede do Concelho do Paul é a Cidade das Pombas, que se situa na Fajã das Pombas, na foz da Ribeira do Paul, com uma população residente de 1.367 habitantes e é Cidade desde 2 de Setembro de 2010, por força da Lei nº 77/VII/2010.

Localização geográfica

Está situado na costa nordeste da ilha de Santo Antão, entre a Ponta da Tumba (Latitude 17° 07’ N, Longitude 24° 58’W) e a Ponta de Saudade (Lat. 17° 10’N, Long.25° 01’W).A cerca de 4 km, em direção a NW da Pontinha, estende-se o Vale da Ribeira do Paul, com o seu afluente principal, a Ribeira do Figueiral. A área total do município é de 54,3 Km2. O Dia do Município é 13 de Junho, data que coincide com a celebração do Dia de Santo António das Pombas, seu Santo Padroeiro.

População

A população residente no Concelho do Paúl, segundo o último Recenseamento Geral da População e Habitação (Censo 2010) é de 7 032 habitantes, dos quais 55% são homens e 45% são mulheres. Desse total, 18% vivem no meio urbano e 82% vivem no meio rural.

Paul registou, entre os Censos 2000 e 2010, uma taxa de crescimento médio anual (TCMA) de -1,8%, tendo perdido, nesse mesmo período, 1.390 habitantes, um bocadinho mais do que tinha ganho entre 1940 e 2010. As secas e fomes cíclicas podem, até certo ponto, justificar a perda de população no período entre 1940 e 1950.

Os concelhos essencialmente rurais de Cabo Verde, como é o caso do Paul, têm, ao longo dos tempos, sofridos os efeitos catastróficos da seca, que aliás serviram de fonte de inspiração de grandes obras da literatura crioula. A particularidade climática do arquipélago, caracterizada pela insuficiência e irregularidade de precipitações, conjugada com a exiguidade do território, a alta propensão à erosão dos solos, e a ausência de recursos minerais de valor comercial significativo e, no caso do Paul, a excessiva monocultura da cana-de-açúcar, são as principais causas da fraqueza estrutural do Sector Primário da Economia no Concelho, que entretanto ocupa mais de dois terços da população residente, sobretudo na agricultura de subsistência.

O Município tem excelentes condições para o desenvolvimento do turismo de montanha e ecológico, que vem conhecendo importantes avanços nos últimos anos, encontrando na paisagem íngreme, no contraste entre áreas verdes e regiões absolutamente secas, um forte atrativo para os turistas com gosto por longas caminhadas, o turismo-aventura e o ecoturismo.

Da dinâmica económica, sempre ligada à agricultura, pecuária, pesca, produção e comercialização da aguardente, por um lado, e a construção de habitações e instalações de apoio à atividade económica na pequena faixa de terreno que podia acolher assentamentos humanos no litoral do Concelho, surgiu a configuração atual do ambiente urbano da Cidade das Pombas.

Agricultura

As potencialidades do Concelho em recursos hídricos, sob o ponto de vista de águas subterrâneas, estão calculadas em cerca de 4 200 000 m3 (recurso tecnicamente explorável em ano médio) sendo a superfície irrigada estimada em 243 ha. No tocante às infraestruturas hidroagrícolas, o Concelho dispõe de uma rede considerável de dispositivos, nomeadamente: diques de retenção e de captação, reservatórios e levadas que, aliados às obras de conservação de solos e água (banquetas, muretes, caldeiras) constituem um agregado de proteção ambiental por todo o território do Concelho.

A Agricultura do Concelho do Paúl é predominantemente dominada pela monocultura da cana sacarina, que ocupa mais de 2/3 de toda a área irrigada do Município. É do tipo subsistência nas zonas altas (milho, feijão, batata doce), e semi-mercantil no interior dos vales (cana sacarina, bananeira, tubérculos e hortícolas).

Pecuária

A Pecuária no Concelho, apesar de não ter uma expressão muito significativa é praticada na sua maior parte em regime familiar e em complementaridade com a agricultura. Cerca de 35% das famílias no Concelho do Paúl são considerados pequenos criadores de animais, tanto de suínos, bovinos, caprinos e aves. A criação de animais tem como objetivo melhorar a dieta alimentar bem como a resolução de problemas socioeconómicos principalmente nas famílias no meio rural.

Indústria

A produção da aguardente e mel é uma importante atividade económica no concelho do Paul e em toda a ilha de Santo Antão, através de métodos artesanais/tradicionais. Sendo muito reduzida a atividade industrial e o respetivo parque no município, destacam-se as pequenas indústrias de cana-de-açúcar (produção de aguardente e seus derivados), a produção de doces e licores e a indústria de construção civil, encontrando-se esta em franca expansão.

Comércio

O Sector do Comércio é de suma importância para o município. Atualmente quase todas as zonas do concelho encontram-se cobertas de pequenas unidades de comercialização de bens, principalmente géneros de primeira necessidade. O fraco poder de compra da população do município condiciona o volume de negócios, tornando relativamente baixa a rotação de stocks no município.

Pesca

O Sector das Pescas no Paúl apresenta um impacto pouco significativo e é caracterizado por um sistema misto, de artesanal e semi-industrial, embora o maior peso de envolvimento de pessoas seja na pesca artesanal. O pescado tem como destino na sua maior parte, o mercado interno, sendo uma pequena parte destinada a outros mercados fora do Concelho.

O Paúl é tido como uma das mais belas regiões de Cabo Verde, possuindo uma diversidade de cores naturais - característica da sua vegetação - e imponentes montanhas que atribuem-lhe uma beleza singular. Aliadas às suas potencialidades naturais no domínio agrícola, o Município do Paúl encerra em si um enorme potencial turístico que está ainda por descobrir, não só na beleza dos seus recantos, na cultura e tradições do seu povo, mas também na forma como os visitantes são acolhidos pela população local que é conhecida pela sua morabeza.

Atrativos turísticos naturais

O Concelho do Paúl destaca-se dos demais concelhos da ilha pelo facto de grande parte do seu território se encontrar nos estratos húmidos e sub-húmidos que conferem ao concelho um clima excecional e uma paisagem simplesmente espetacular, sendo o Paúl o Concelho mais verde do país, acolhendo uma diversidade biológica notável.

A orografia extremamente acidentada, os exuberantes Vales do Paúl, da Janela e do Penedo, dotados de grandes potencialidades em matéria de recursos hídricos, constituem um grande potencial agrícola com predominância da cana sacarina, da banana, fruteiras e hortícolas.

Por outro lado, destaca-se o património construído, quer no meio urbano como no meio rural, com edificações tipo coloniais e com infraestruturas agrícolas, tipo feudais dos quais o engenho de fabrico da aguardente a partir de cana sacarina do Sr. Ildo Benrós, constitui a expressão mais acabada de um património Paúlense que tem potencialidade para ser declarado património nacional, pela carga histórica e cultural que transporta.

Pico da Cruz, Lenhal, Pêro Dias e Cova

O maior perímetro florestal de Santo Antão e um dos mais ricos, do ponto de vista de diversidade e produtividade, é o Perímetro Florestal do Planalto Leste, situado a Leste da ilha de Santo Antão. O Planalto Leste ocupa uma área de 65 km2 que incluem as zonas florestadas situadas entre as curvas de nível de 700 m (Corda) e 1810 m (Gudo de Cavaleiro - Moroços).

Este planalto desempenha uma função muito importante como bacia de receção e de alimentação e regularização das principais nascentes, tanto de Ribeira Grande como do Paúl e é responsável neste concelho pelo grande potencial hídrico que caracteriza este Município.

No território do Paúl fica a parte qualitativamente mais importante do Planalto Leste em matéria de recursos florestais e diversidade biológica, abarcando as zonas de Pico da Cruz, Lenhal, Pêro Dias e Cova.

Deste perímetro florestal constituído pelos estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo da melhor qualidade e diversidade que existe em Cabo Verde, destaca-se o arbóreo com espécies de coníferas constituídas por uma grande variedade de pinheiros e cupressos, de grande valor económico pela qualidade da sua madeira de obra e pelas espécies folhosas, como Eucaliptos, Grevilea, Casuarina. Existe ainda uma grande variedade de acácias, que são predominantes e adaptadas aos ecossistemas húmidos como molíssima, salicina, picnanta, cyanophila, com elevados índices de crescimento anual e com uma grande importância na produção de lenha.

Vale do Paúl

A Ribeira do Paúl, uma das mais caudalosas de Cabo Verde, tem início nos relevos abruptos do circo do Cabo da Ribeira, entre a Cova do Paúl e o Pico da Cruz (1583 m), e corre de sudoeste para nordeste, desaguando no oceano Atlântico na cidade das Pombas.

O vale da Ribeira Paúl é extremamente encaixado, sendo as encostas aproveitadas para a agricultura por meio de socalcos e de um sistema de levadas para a irrigação. É um vale luxuriante com uma predominância de verde rara no arquipélago e clima tipo temperado com temperaturas moderadas durante o ano, constituindo uma potencialidade que funciona como atrativo para pessoas de outras paragens para fixação definitiva ou para efeitos de turismo.

Baía de Janela (Ribeira de Janela e Ribeira de Penedo)

A Baía da Janela, na qual se situa a povoação com o mesmo nome desenvolve-se entre a Pontinha (Lat. 17º 07’ N, Long. 24º 59’ W) e a Ponta da Ribeira do António.

A baía é flanqueada por enormes alturas onde nascem dois belos vales: o da Ribeira do Penedo e o da Janela. As zonas costeiras ao longo desta baía são morfologicamente constituídas por rochas basálticas, por pedras grandes soltas e por calhaus rolados cortados por areias basálticas grossas e ainda terra batida. O maior valor económico das zonas da Janela e Penedo reside na atividade agrícola que é normalmente praticada nas vertentes das encostas, apesar de se poder encontrar alguns terrenos agrícolas no nível médio do mar, mas sem grande expressão.

Pedra Escrivida” ou “Pedra do Letreiro”

A “Pedra Escrivida”, localizada na localidade de Penedo de Janela, possui inscrições que resultam de mão humana. Existem dúvidas se serão caracteres rúnicos (dos mais antigos povos germânicos e escandinavos), ou berberes, ou ainda poderem ter sido feitas pelos primeiros navegadores portugueses. Outros também dizem ser caracteres de uma língua indo-chinesa deixados por navegantes chineses. Há muito mistério sobre a origem dos caracteres da Pedra Escrivida, o que por si só a torna num atrativo turístico para os curiosos destas questões etno-linguístas e não só.

Recursos Costeiros/Oceânicos

O Concelho do Paúl dispõe de uma linha de costa muito reduzida, alias, na mesma proporção da dimensão do concelho, que vai desde a Ponta da Saudade (fronteira com o concelho da Ribeira Grande) até à Ponta da Tumba (fronteira com o concelho do Porto Novo).

Esta orla marítima constitui uma porta de entrada e saída de embarcações, nomeadamente, as de pesca. A orla costeira do Paúl é caracterizada por um relevo muito acidentado com poucas enseadas e poucas praias.

As baías de Passo e de Janela constituem abrigos privilegiados para a construção de embarcadouros ou portos para permitir o embarque e desembarque de pessoas e bens e o acesso ao mar por embarcações de pesca. Os principais aglomerados populacionais, nomeadamente, a Cidade das Pombas, a praia de Gi e Pontinha de Janela, desenvolvem-se junto à orla costeira e dispõem de atividades ligadas aos recursos costeiros.

A biodiversidade marinha costeira e oceânica é caracterizada por uma grande diversidade biológica constituída pelos invertebrados marinhos (lulas, polvos e búzio), crustáceos (lagostas verde, castanha, de pedra e lagosta rosa que é endémica e de profundidade), répteis (tartarugas marinhas) peixes diversos e tubarões (cação, azul, gata e tigre).

Não obstante a configuração orográfica, pouco acessível, da orla costeira do Paúl, esta não deixa de ter a sua importância e de constituir-se como potencial de desenvolvimento para os transportes marítimos, pescas, atividades portuárias, atividades de lazer, praias, zonas balneares, espaço para desenvolvimento turístico e outras atividades afins.

Caminhos vicinais

O interior do Vale do Paúl é bastante frequentado para excursões de fim-de-semana, quer pela população local, como da vizinha Ilha de S. Vicente, isto devido à reabertura da estância turística da Passagem, que oferece uma piscina de água doce, aliado ambiente paradisíaco caracterizado por uma grande mancha verdejante de plantas e plantações diversas, constituindo uma área fresca, calma e acolhedora para o lazer e a diversão, considerada como o «cartão postal» do Concelho.

A cultura Paúlense faz parte da matriz cultural da ilha de Santo Antão, caracterizada pela sua especificidade em termos de dialeto (língua de Santo Antão), da música (mornas e coladeiras), da dança (mazurca, contradança e valsa), da arte, do teatro, do Colá, das romarias de Santo António (no caso concreto do Paúl) da gastronomia, tudo à boa maneira de Santo Antão, contribuindo, assim, a ilha e o concelho para a riqueza cultural de Cabo Verde.

Assim, no concelho do Paúl destaca-se a festa de romaria de Santo António das Pombas, festejada efusivamente a 13 de Junho de cada ano, o artesanato local, a pintura e a escultura; ao nível da gastronomia são famosos os doces e licores de fabrico caseiro e tradicional; na música, o grupo Cordas do Sol vem irradiando acordes melódicos santantonenses do Paúl para o mundo inteiro, tendo-se tornado um grupo musical de referência no panorama da música folclórica cabo-verdiana.

O artesanato tem tradição no concelho do Paul onde os quadros são feitos com recurso aos materiais que a natureza coloca à disposição dos artesãos, são já uma imagem de marca.

São feitos a partir de materiais recolhidos nos terrenos agrícolas, troncos de árvores, pedra, terra, folhas de bananeiras, pedaços de coqueiros, flor de cana sacarina e cana de caniço pequenas pedras e outros materiais recolhidos na natureza e que, adicionados ao génio dos artistas, se transformam em “beleza pura” para deleite de nacionais e turistas que demandam a Ilha de Santo Antão.

Atrativos culturais materiais

A Cidade das Pombas situa-se na fajã das Pombas, na foz da Ribeira do Paúl. Tem uma população que ronda os 1.800 habitantes. É a sede do Concelho do Paúl, aí se cruzando a estrada que percorre o Vale da Ribeira do Paúl com a estrada litoral proveniente da Cidade de Ribeira Grande e que, via Pontinha da Janela segue ao longo do litoral leste até Porto Novo.

Cidade das Pombas

Com uma combinação perfeita entre mar, verde e montanhas, a Cidade das Pombas é considerada a zona menos montanhosa do concelho, a mais populosa e cujas principais atividades económicas são a agricultura e o comércio a retalho. Na cidade concentra-se toda a máquina administrativa pública e privada.

A Cidade das Pombas encerra em si um enorme potencial turístico que está ainda por descobrir, não só na beleza dos seus recantos, mas também pela sua arquitetura que resulta de uma mistura entre o contemporâneo e o antigo, representado por casas coloniais.

Farol “Fontes Pereira de Melo”

O Farol “Fontes Pereira de Melo”, também conhecido por farol da Ponta de Tumba ou do Tumbo, ou ainda Farol de Boi, é um farol que se localiza na ponta nordeste da Ilha de Santo Antão, junto da povoação de Janela, alguns quilómetros a sudeste da Cidade das Pombas.

É uma torre branca octogonal em alvenaria rebocada, com lanterna e galeria, e 16 metros de altura. Em anexo existe um edifício térreo para faroleiros, abandonado e em más condições.

Estátua de Santo António das Pombas

A estátua de Santo António das Pombas fica num monte perto da Cidade das Pombas, num local que oferece uma vista de 180º sobre o Vale do Paúl e o oceano.

Trapiche do Senhor Ildo Benrós

Segundo o proprietário, o Sr. Ildo Benrós, descendente de judeus, este trapiche (máquina de triturar cana-de-açúcar) tem cerca de quatrocentos anos, e ainda funciona em pleno, mantendo-se a tradição da tração de bois, conforme atesta uma fotografia antiga.

Estância Turística ‘Passagem’

Trata-se de uma estância turística construída nos finais dos anos oitenta e remodelada recentemente para se adequar às reais necessidade de desenvolvimento do turismo no Concelho.

Esta estância é muito visitada por pessoas oriundas de várias partes da ilha e da ilha vizinha S. Vicente, bem como por turistas, nomeadamente franceses, alemães, ingleses, entre outras nacionalidades.

O ambiente no Paul, como de resto nos demais ambientes rurais do país, é marcado pela predominância da cultura rural, pela ausência de espaços urbanos e, de adequados sistemas de arruamento e calcetamento de ruas.

A sustentabilidade ambiental “pressupõe a utilização e gestão dos recursos do ambiente pelo Homem, assegurando a satisfação das necessidades das gerações atuais sem prejudicar os recursos da Terra de tal forma que as gerações futuras fiquem impedidas de satisfazê-las. Reconhece-se a relação dinâmica existente entre a gestão durável dos recursos e o desenvolvimento sustentado, ou seja, um modelo de desenvolvimento económico e social dentro dos limites ambientais, tido como capaz de preservar o equilíbrio geral, o valor do meio e dos recursos naturais, assegurando a sua repartição e uso equilibrado.”

Município de Porto Novo

A cidade do Porto Novo, anteriormente designada Carvoeiros, é a sede do concelho de mesmo nome. Trata-se do maior centro urbano de Santo Antão e contém o principal porto da ilha.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

Criação

Por Decreto de 19 de Abril de 1912 é criado pela primeira vez o Concelho do Porto Novo, que não chegou a funcionar, possivelmente, por falta de verba ou por outras razões, nomeadamente de ordem política, até que em 1962 o Concelho do Porto Novo passa a ser uma realidade depois de ter passado por ser um Posto Administrativo em 1942.

Foi dividido em duas zonas administrativas, com a colocação de dois Regedores nas Freguesias de São João Baptista com sede em Ribeira das Patas e Santo André com sede em Ribeira da Cruz

Localização geográfica

Situado no sul da Ilha de Santo Antão, o Município do Porto Novo é o maior concelho da ilha com uma área total de 557 quilómetros quadrados, correspondendo a 2/3 (67%) da superfície da mesma.

Esta localização favoreceu o rápido crescimento do porto de Carvoeiros, mais tarde denominado Porto Novo, na primeira metade do século XX, mas com grande dinamismo no último quartel do seculo XX, após a saturação do espaço urbano nas vilas de Ribeira Grande e Pombas no Paul.

População

Segundo os dados do Censo de 2010 o Município contava nessa altura com uma população de 18.028 habitantes, o que representa a menor densidade populacional da ilha (31,7 habitantes por km2).

De registar, entretanto, que Porto Novo é o único Município da ilha de Santo Antão que registou crescimento populacional entre 2000 e 2010 (+0,5%), ao contrário do que ocorreu nos Municípios do Paul (-1,8%) e Ribeira Grande (-1,3%).

O Município possui 3.925 agregados familiares, com uma média de 4,6 pessoas por agregado (ligeiramente superior à media nacional, de 4,1). A percentagem de população urbana (52%) é inferior à média nacional (62%), não obstante a tendência acentuada de fluxos migratórios do campo para a cidade que se regista nos últimos anos.

Em relação às atividades agrícolas, quer de regadio quer de sequeiro e em virtude das condições adversas do meio ambiente, estas apresentam geralmente uma produtividade baixa em comparação com as restantes regiões da Ilha de Santo Antão.

A Pecuária constitui atualmente uma das poucas potencialidades do Concelho, particularmente nas localidades do Planalto Norte, Sul, Lagoa e zonas periféricas da Cidade do Porto Novo.

No que concerne à Pesca, e apesar da existência de algum potencial, a falta de tecnologias apropriadas à captura do pescado constitui um dos fatores limitantes do aproveitamento deste recurso.

Possui um grande potencial turístico, oferecendo uma riqueza paisagística atrativa com um jogo de contrastes entre o verde e paisagens lunares, as praias e a natureza das montanhas.

Agricultura

Apesar da existência de bons solos, as condições climáticas do Porto Novo não favorecem uma maior produtividade das atividades agrícolas (tanto de sequeiro como de regadio). As culturas com mais expressão são o milho e o feijão nos terrenos de sequeiro e a cana sacarina e hortícolas nas áreas de regadio.

A agricultura e a pecuária continuam sendo atividades económicas mais importantes do concelho, não obstante o processo de desertificação a que este município se vem sujeitando desde há muitas décadas.

Pecuária

A pecuária constitui um sector importante para o município, tendo em conta as vastas terras e a grande resistência dos caprinos às condições agro-ecológicas do Município. O gado está praticamente em toda a parte, tanto no perímetro urbano como nas terras de sequeiro e de regadio. Nas áreas irrigadas prevalecem as criações domésticas no regime estabulado e a utilização dos subprodutos da produção agrícola para a alimentação animal, complementados pela aquisição de rações.

Industria

Praticamente não existe indústria em Porto Novo, apenas perspetivas de exploração da pozolana que ainda existe no território municipal.

Comércio

O comércio oficializado enfrenta atualmente várias dificuldades, nomeadamente a baixa rotação de stocks, o fraco poder de compra da população, a concorrência do mercado paralelo, preços mais elevados que a média nacional, fraca disponibilidade financeira dos importadores, inexistência de controlo de qualidade e ineficiência no abastecimento de géneros alimentícios.

Pesca

Como acontece em toda a ilha de Santo Antão o sector é dominado pela pesca tradicional. As comunidades piscatórias estão centradas tanto na cidade do Porto Novo como na baía do Monte Trigo, na costa ocidental da ilha.

A Pesca é quase toda ela artesanal, com técnicas rudimentares, excetuando alguns casos em que melhorias consideráveis foram introduzidas com a aquisição de barcos de pesca mais modernos e equipados com redes de cerco.

A ligação marítima tem favorecido sobretudo um turismo interno com base na ilha de São Vicente, mas com reduzido poder de compra para desencravar a economia terciária da ilha e mormente do concelho do Porto Novo.

A atividade turística decorre da qualidade do ambiente, da riqueza do património cultural, da gastronomia, da disponibilidade de áreas com baixa densidade populacional; desenvolvimento de grandes áreas de lazer, como sendo campismo balneários, campismo de montanha e outros.

Atrativos turísticos naturais

A natureza vulcânica e a exuberância das formações geológicas da Ilha e do Concelho concorrem para a existência de uma oportunidade do desenvolvimento de um turismo científico na modalidade geológica.

Maciço Tope de Coroa

O maciço do Tope de Coroa, abarcando o vulcão extinto do mesmo nome cuja altitude máxima atinge os 1979 metros, inclui o Parque Natural do Tope de Coroa que detém uma grande variedade de taxa endémicos, de grande valor científico e rara beleza.

Topo da Coroa é o ponto mais elevado de Santo Antão e fica situado a 20 km a oeste de Porto Novo e a menos de 4 km a leste de Monte Trigo. A partir de 1300 m no lado este e 1650 m no lado oeste começa uma vegetação arbustiva bastante densa, composta na sua maioria por Euphorbia tuckeyana que na parte do planalto é acompanhado em grande número por espécies como Diplotaxis antoniensis e Lavandula coronopifolia.

Jazidas de Pozolana do Porto Novo

No Concelho do Porto Novo, assim como em toda a Ilha de Santo Antão dominam os basaltos, os fonolitos, os piroclastos e uma grande riqueza em pozolanas. Os afloramentos de pozolana constituíam uma única camada em toda a Ilha que devido a erosão restringiu a sua localização nas proximidades da Cidade do Porto Novo.

Vale da Ribeira das Patas

Situado a poucos quilómetros da Cidade do Porto Novo, constitui um ecossistema agrícola de grande valor económico e paisagístico, depositários de grande biodiversidade dos sistemas agro-pecuários. Trata-se de um vale muito importante de ponto vista agro-pecuário, onde a maioria da população residente dedica-se à agricultura e à criação de animais.

Vale de Alto Mira

Situado a largos quilómetros da Cidade do Porto Novo, o Vale de Alto Mira constitui também um importante biótopo a nível do Concelho e da Ilha de Santo Antão, com grandes potencialidades a nível da agricultura e da pecuária.

É um dos vales com uma tradição de cultivo de hortaliças que são exportadas para os mercados vizinho da Cidade de Porto Novo e Mindelo.

Ribeira da Cruz

A uma distância superior à de Alto Mira - Porto Novo, fica situado o Vale da Ribeira da Cruz, muito conhecido pela sua beleza, riqueza paisagística, montanhas, e muitos outros atrativos.

A paisagem agrícola do Vale da Ribeira da Cruz constitui o principal recurso turístico passível de atrair muitos turistas. Este é um importante ativo que poderá ser explorado no sentido de desenvolver um turismo de qualidade na zona. O Vale da Ribeira da Cruz deverá sem dúvida pertencer a um roteiro turístico do Concelho, ligando este aos principais pontos turísticos da Ilha de Santo Antão.

Vale de Martiene

Situada na Freguesia de Santo André a 40 quilómetros da Cidade do Porto Novo, a localidade de Martiene é uma zona rural com grande potencial agrícola, se comparado com os padrões do País.

Com um belo panorama, Martiene é um vale essencialmente agrícola e com potencialidades turística. Assim para além de apresentar um clima ameno e convidativo para um passeio ao seu interior.

Todo o Vale de Martiene constitui um ecossistema agrícola de grande valor económico e paisagístico, depositário de grande biodiversidade do sistema agro-pecuário.

Tarrafal de Monte Trigo

A uma distância de perto de 30 km do Porto Novo, fica a comunidade de Tarrafal, aldeia agrícola e piscatória.

A diversidade paisagística, o património arquitetónico, a riqueza paisagística, o mar e as montanhas, constituem um leque variado de atrações turísticas passíveis de atrair o turismo familiar para a localidade de Tarrafal de Monte Trigo. O mar e a paisagem agrícola de Tarrafal de Monte Trigo constituem atrativos para qualquer mercado exigente onde a qualidade e tranquilidade é o posicionamento estratégico.

Circuitos de caminhos vicinais

Porto Novo possui uma rede de caminhos vicinais de grande beleza, dos quais destacamos como exemplo: Tarrafal de Monte Trigo – Planalto Norte – Chã de Morte (Ribeira das Patas) de grande espetacularidade.

Os pontos de maior interesse durante o seu percurso são a vista sobranceira ao lindo vale de Tarrafal de Monte Trigo, a vista desértica ao Planalto Norte e ao vulcão do Topo de Coroa, e já na zona próximo do Topo da Cruz a vista deslumbrante sobre os vales de Alto Mira e Ribeira das Patas (CMPN, 2014).

Recursos naturais costeiros

A Cidade Porto Novo possui quatros praias balneares que são muito frequentados pela população e visitantes, que são: Praia de Curraletes, Praia de Armazém, Praia de Caizinho e Praia de Topo. Sendo de destacar que a primeira dá nome ao Festival “Curraletes” que realizado todos os anos no final do mês de Agosto e inicio de mês Setembro assinalando assim, as datas comemorativas da criação do Município de Porto Novo.

Os principais pontos de pesca situam-se na cidade do Porto Novo, na Praia Formosa e em Tarrafal e Monte Trigo. A extensa linha de costa e respetiva faixa de terra que lhe é adjacente, vai desde a Praia de Curraletes até o Tarrafal apresentando poucas elevações; constitui um grande potencial futuro para o Concelho e para a Ilha podendo albergar os mais diversos equipamentos sociais, urbanísticos, portuários, industriais, comerciais e energéticos.

A cultura é criada numa base de experiências e conteúdo adquirido com o tempo e acumulado e selecionado pelo homem como forma de garantir a sua identidade. O Concelho do Porto Novo é caracterizado por uma grande riqueza cultural própria que se manifesta através da música, da dança, da arte, do teatro e das festas de romaria.

Estas atingem a sua expressão máxima na festa municipal de São João a 24 de Junho, que inclui uma grande diversidade de manifestações religiosas, culturais e desportivas. O caracter sincrético destas festividades incluiu uma combinação da religião com danças profanas.

Atrativos culturais materiais

O património cultural construído no Concelho de Porto não se esgota nas igrejas e nas casas da burguesia urbana ou rural, mas abrange, de igual modo, as tipologias mais “pobres”, realizadas com os recursos locais, como forma de resposta da sociedade às necessidades primárias de vida. Estão neste caso casas rurais e espaços de apoio a atividades domésticas e agrícolas.

As construções religiosas constituem muito do espólio construído no Concelho de Porto Novo, com a Igreja Matriz, várias capelas espalhadas pelas localidades e o seu cemitério. Pode-se destacar ainda os centros populacionais com casas de arquitetura tradicional, os trapiches, as infraestruturas de apoio à pesca e a rede viária tradicional, como elementos do património edificado do concelho.

Cidade de Porto Novo

A Cidade do Porto Novo, um importante atrativo cultural construído, situa-se numa enseada limitada a sudoeste pela Ponta Tarrafinho e a Nordeste pelo cais acostável que foi situada na costa sul da ilha, a uma hora de ferry da cidade do Mindelo.

É uma cidade com potenciais atrativos turísticos, primeiro porque é a porta de entrada da Ilha de Santo Antão através do seu porto que foi recentemente ampliado e dotado de infraestruturas terrestres de apoio às operações de desembarque de cargas e visitantes que queiram conhecer e disfrutar das maravilhas naturais e culturais da Ilha, e segundo porque a Cidade e as suas gentes constituem um importante polo turístico que deve ser desenvolvido e adaptado às reais necessidades do mercado turístico que se pretende desenvolver para Ilha de Santo Antão.

Atrativos culturais imateriais

A mais original e conhecida tradição é o Sonjon, que é celebrado no Concelho de Porto Novo, no mês de Junho, com principal destaque para os dias 23 e 24 do mesmo mês. Essa tradição é conhecida por ser uma das festividades que atrai grande número de pessoas às ilhas de Cabo Verde.

Sonjon

O Sonjon, como é conhecido em Santo Antão, tem uma história que é sabido pelos cristãos. Diz-se que o santo era muito velho, e certo dia vinha num barco que se malogrou no mar e tendo sobrevivido, foi encontrado numa praia.

Essa comemoração, no município de Porto Novo envolve a ida no dia 23 de Junho à localidade de Ribeira das Patas para resgatar o santo e devolvê-lo no dia 25. Alguns peregrinos fazem o percurso a pé no total de mais de 30 quilómetros de ida e volta, não se importando com o vento ou sol escaldante próprio da época, para acompanhar a peregrinação do Santo.

Conta-se que o cansaço que este trajeto pode originar nos peregrinos não é percetível, dado a dança do kolá sanjon, o rufar dos tambores, e a convivência entre peregrinos ser tão emocionante, e que a pessoa se encontra quase em estado de êxtase.

Santo André

Celebra-se igualmente a 30 de Novembro, a festa de Santo André, na Ribeira da Cruz, que atrai muitos populares de todo o Concelho e de várias partes da Ilha de Santo Antão sob um mosaico de ricas tradições e cultura.

À semelhança das outras cidades do país, Porto Novo não possui uma cintura verde. No entanto, a Câmara Municipal tem-se esforçado na criação de praças e pracetas no interior da cidade e arborização das vias. Existe uma notável cobertura arbórea, sobretudo de acácia americana, Prosopis juliflora, ao longo das linhas de água.

A topografia inclinada da cidade poderá criar riscos potenciais de inundação nas proximidades da foz das ribeiras em construções costeiras, ou como consequência de drenagem deficiente das águas pluviais. Há também a possibilidade de ocorrência de inundações durante as chuvas torrenciais e passagem de ciclones, mas a estrutura urbana do Porto Novo concentra as construções nas rechãs, deixando livre as linhas de água, como as ribeiras da Cruzinha e Desembarcadouro.

Um outro risco possível, com registo de casos históricos, são as pragas e as epidemias. As últimas pragas de grande envergadura registadas em Cabo Verde estão associadas à invasão do gafanhoto do deserto (Schistocerca gregaria) que constitui um perigo, sobretudo para agricultura se a invasão coincidir com a estação das chuvas.

Município de São Vicente

São Vicente é a segunda ilha mais populosa de Cabo Verde, localizada no grupo do Barlavento, a noroeste do arquipélago.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

A Ilha de São Vicente foi descoberta a 22 de Janeiro de 1462 pelo navegador português Diogo Afonso, e esteve praticamente desabitada durante mais de 300 anos, servindo apenas para nela se criar gado.

Em 1795 João Carlos da Fonseca Rosado (um rico comerciante do Fogo) empreende a primeira tentativa organizada de povoamento da ilha de São Vicente. Porém, essa experiência fracassou redondamente.

No ano de 1812, houve uma nova tentativa de povoamento implementada pelo Governador António Pusich. Paulatinamente, a população foi aumentando. Em 1819, a população da ilha rondava os 115 habitantes. Um ano depois, já contava com 295 almas. O povoado inicial, que recebera o nome de Dom Rodrigo, progride. Já em 1820, passa a ter o nome de Vila Leopoldina.

Anos depois, em 1838, troca-se-lhe o nome para Mindelo. No ano de 1848, a sua população é já de 553 indivíduos. E finalmente, com o aparecimento do primeiro depósito de carvão, a Povoação do Mindelo entra na senda do progresso e da fortuna, para se impor, de direito, como o aglomerado mais importante do arquipélago. A partir daí, surgem, em catadupa, companhias inglesas que fornecem carvão às centenas e centenas de barcos que frequentam o Porto Grande, e fazem dele um dos portos mais movimentados do mundo nessa altura.

Localização geográfica

São Vicente situa-se a Norte do arquipélago de Cabo Verde, entre as ilhas de Santo Antão e de São Nicolau, integrando o grupo do Barlavento. Está situada entre os paralelos 16º 55´19´´ e 16º 46´21´´ a Norte do Equador, e entre os meridianos 24º 51´58´´ e 25º 0,5´40´´ a Oeste de Greenwich. Possui um comprimento máximo de 24.250 metros na direção Leste - Oeste entre a ponta Viana, a Leste, e a ponta Machado, a Oeste, e uma largura máxima de 16.250 metros, entre a ponta João de Évora, a Norte, e a ponta Sul, a Sul. A sua capital, a cidade do Mindelo, ocupa aproximadamente uma superfície de 75 Km2.

A ilha de São Vicente estende-se por um território de 227 Km2, com uma única Freguesia (Nossa Senhora da Luz). São Vicente é residência de 76.140 habitantes, o que perfaz uma densidade populacional de 335,42 Hab/Km2.

População

Dados do Censo 2010 mostram que a população residente na Ilha de São Vicente é de 76.107 indivíduos sendo 38.347 (50,4%) homens e 37.760 (49,68%) mulheres distribuídos em 20.980 agregados familiares. Destes, 62% são chefiados por homens, e 38% por mulheres. A média de indivíduos por agregado familiar é de 3,6.

Cerca de 93% da população da Ilha vive no meio urbano. A população é maioritariamente jovem, com 65,7% de indivíduos com menos de 30 anos, ligeiramente inferior à média nacional que é de 68,4%. A população idosa, com mais de 60 anos, é igual à média nacional de 8,6%.

A cidade de Mindelo corresponde estatisticamente à zona do mesmo nome e é dividida em, pelo menos, 31 lugares. Dos 19.962 agregados familiares existentes na Ilha de São Vicente, 92,6% se concentram na cidade do Mindelo, ou seja, cerca de 18.485 agregados familiares. Cada agregado familiar integra uma média 3,8 indivíduos. De mencionar que cerca de 8.891 (i.e. 48,1%) desses agregados é dirigido por mulheres chefes de família, sendo que 80,3% de todas as habitações serve de residência habitual dos respetivos proprietários.

As atividades económicas mais importantes e dominantes na ilha são o comércio, a pesca, a pecuária, a indústria, a hotelaria e restauração. A seguir à ilha de Santiago, S. Vicente apresenta um maior número de empresas ativas, com maior volume de negócios e consequentemente a segunda maior contribuição no Produto Interno Bruto nacional.

Assim, para além da produção local, o abastecimento da ilha é feito de produtos importados do estrangeiro e de outras ilhas, principalmente de Santo Antão, S. Nicolau, Santiago e Fogo.

Agricultura

A agricultura praticada localmente é bastante escassa para as necessidades da população e reduz-se essencialmente à produção hortícola e a cultura de milho, esta praticada na época das chuvas e na grande maioria das vezes sem qualquer resultado.

Pecuária

Quanto à criação de gado, pratica-se a bovinicultura (quase inexpressivo), caprino cultura, suinicultura e a avicultura, sendo esta última com maior expressão na economia de S. Vicente, quer em termos de exploração familiar, como a industrial, que responde de forma satisfatória às necessidades de consumo da ilha e de outras, nomeadamente Santo Antão e São Nicolau.

Indústria

O município tem o sector industrial mais desenvolvido em Cabo Verde. São fabricados localmente vários produtos industriais, nomeadamente a panificação, bolachas, massas alimentícias, refrigerantes, moagem de cereais e café, sabão, indústria hoteleira, indústria metalúrgica, construção naval, construção civil, etc.

A ilha de São Vicente é sede de muitas empresas com peso estruturante na economia de todo o país (e.g. ENAPOR, ENACOL, VIVO ENERGY, CABNAVE, ELECTRA, MOAVE) que, para além de garantir emprego permanente a muitos são vicentinos, contribuem, de forma significativa, para o PIB de Cabo Verde.

Comércio

Desde sempre a economia de São Vicente gira à volta da atividade comercial, graças ao excelente porto natural que possui, servido por um cais acostável. Ainda, no contexto socioeconómico é de realçar a importância das remessas enviadas pelos emigrantes na formação do rendimento das famílias. Para além da produção local, o abastecimento da ilha é feito de produtos importados do estrangeiro e de outras ilhas, principalmente de Santo Antão, São Nicolau, Santiago e Fogo.

Pesca

A Pesca é uma das atividades mais importantes do município, quer em termos de contribuição para o Produto Interno Bruto, quer em termos de geração de empregos.

No que concerne à pesca artesanal, os dados estatísticos oficiais apontam para uma captura média anual equivalente a 1200 toneladas e uma produtividade média por pescador de cerca de 1,9 t, nos últimos cinco anos.

A pesca tanto artesanal como industrial tem um papel importante na economia da ilha através do abastecimento para o consumo e como sector empregador.

A Hotelaria e o Turismo começam a dar sinais de que poderão ser, num prazo bastante curto, atividades económicas potenciadoras de grandes rendimentos.

Atrativos turísticos naturais

Apesar da sua exiguidade territorial, a Ilha de São Vicente possui no seu interior montanhas e trajetos que poderão constituir importantes recursos turísticos naturais, nomeadamente o Monte Verde, ponto mais alto da ilha, que é zona protegida e ainda os vales de Mato Inglês, Baleia e outros que proporcionam excelentes vistas e percursos para caminhadas e trekking.

Baía do Porto Grande

A Baía do Porto Grande, que foi eleita para o Clube das 21 Baías mais bonitas do Mundo, com o seu porto natural, constitui igualmente um atrativo turístico importante. Um grande ícone da Baía do Porto Grande é o seu Monte Cara, famoso por lembrar uma face humana que domina toda a baía e é visível em todos os pontos da Cidade do Mindelo, parecendo um guardião da mesma.

Tratando-se de uma ilha caracterizada por uma grande diversidade paisagística, com uma linha de costa bastante recortada e uma orografia muito diversificada, a paisagem deve ser assumida e gerida como um recurso ambiental natural. Esta diversidade paisagística resulta de fenómenos e processos naturais que estão na base da origem e evolução das ilhas (vulcanismo, erosão, sedimentação) e daqueles que moldaram as condições de clima prevalecentes e que permitiram a instalação da vida humana (sol, vento, chuvas, vegetação).

Parque Natural de Monte Verde

O Parque Natural de Monte Verde possui uma área de cerca de 312 hectares e faz parte de uma cercadura montanhosa, que apresenta restos de uma primitiva bordeira, cujos pontos culminantes são o Monte Verde e Madeiral, com cerca de 744 e 680 metros respetivamente. A sua plataforma de topo, inclinada a NE, proporciona um meio favorável à incidência de humidade, fator responsável pela existência de um quadro paisagístico que contrasta com a aridez das restantes zonas da Ilha.

A especificidade da Ilha de São Vicente em matéria de diversidade biológica confina-se à riqueza em espécies de flora e fauna do Parque Natural do Monte Verde e da Ribeira Vinha.

O Monte Verde constitui um importante observatório natural de referência para a prática do turismo de montanha. Do alto do Monte Verde é possível ter vistas espetaculares de toda a ilha de São Vicente e da baía do Porto Grande com a sua cidade do Mindelo. Também se tem uma vista privilegiada da majestosa ilha de Santo Antão e do outro lado da ilha de Santa Luzia, dos ilhéus Branco e Raso e nos dias mais claros da ilha de São Nicolau.

Ribeira de Vinha

A Ribeira de Vinha está inserida entre as altitudes 30 e 130 metros, na zona árida. Trata-se de uma ribeira com um vale, essencialmente arenoso de montante a jusante. Os solos da Ribeira de Vinha são de textura média, com boa drenagem interna e influenciados, a jusante, pelo lençol freático salino, devido à ação das marés. O Vale da Ribeira de Vinha está, essencialmente, ocupado pelo povoamento florestal Prosopis juliflora (Acácia americana – espécie introduzida) e Tamarix senegalensis (tarafe).

Sendo uma zona predominantemente agrícola, a Ribeira de Vinha deve o seu nome à ribeira homónima que lá corre nos tempos de chuva, e a maior parte das propriedades que nela constam, são hortas. Por se situar numa zona fértil em lençóis de água, possui vários poços e tanques, tendo a maior parte no entanto secado com as frequentes secas que flagelaram o arquipélago na sua história recente.

Zona de Lameirão

A zona de Lameirão situa-se a oeste do Monte Verde e a leste da cidade do Mindelo, sendo atravessada pela estrada entre a cidade e a Baía das Gatas. Na zona encontram-se hortas antigas, muitas delas abandonadas devido às secas, e ainda algumas palmeiras. A zona do Lameirão é composta pelos seguintes lugares: Lameirão, Mato Inglês e Pé de Verde.

Ribeira de Julião

A Ribeira de Julião situa-se pouco após a saída do Mindelo, ladeando a estrada que liga essa cidade à aldeia do Calhau. É uma zona que tem conhecido grande expansão nos últimos tempos, com várias construções novas, podendo vir a tornar-se futuramente num subúrbio do Mindelo.

A Ribeira de Julião é famosa por aí se realizarem as festas de São João, quando grandes multidões convergem de toda a ilha para os festejos junto à igreja do lugar, no dia de São João, a 24 de Junho. Durante esta festa de romaria é dançada a tradicional dança do Colá San Jon, onde seguindo a cadência dos tambores os pares executam uma dança sensual que envolve a umbigada, ou choque frontal do baixo-ventre dos bailarinos.

Ribeira do Calhau

A Ribeira de Calhau fica situada no extremo Este da ilha, mesmo em frente da desabitada ilha vizinha de Santa Luzia, que está quase sempre visível. O vale que possui várias pequenas propriedades agrícolas de pequenos produtores, desemboca na Baía do Calhau, onde existe uma aldeia piscatória com o mesmo nome, hoje circundada por várias casas de veraneio.

Salamansa

Salamansa é uma vila de pescadores no norte da Ilha de São Vicente, mais precisamente a Nordeste da cidade do Mindelo. A vila fica à beira-mar, numa bonita baía que fica no canal que separa São Vicente da ilha de Santo Antão, que pode ser vista mesmo em frente.

A baía possui uma extensa e bonita praia de areia branca, muito aprazível para os banhistas e praticantes de desportos náuticos, com especial relevo para o windsurf e kite-surf.

Nesta zona celebra-se todos os anos a Festa de Santa Cruz a 3 de Maio, atraindo muita gente da cidade do Mindelo devido ao colorido da festa com muita música e muitas barracas montadas na bonita praia que vendem comida e bebidas. Tocam-se tambores e a dança do Colá é executada pelos populares, à semelhança das outras festas de romaria da ilha, que foram trazidas pelas populações migrantes das diferentes ilhas, particularmente da ilha de Santo Antão, neste caso concreto de Salamansa.

É nesta zona que se encontra o enigma histórico-cultural, o controverso “Concheiro de Salamansa” e que tem merecido amplas discussões científicas. As escavações arqueológicas do “Concheiro de Salamansa”, na Ilha de São Vicente, é uma estância arqueológica, onde existem indícios de presença humana, talvez anterior à chegada dos portugueses ao arquipélago, em 1460.

Baía das Gatas

Perto da aldeia de Salamansa situa-se a famosa Baía das Gatas, nome de uma bela baía natural, uma pequena localidade que fica a menos de 10 km a leste da cidade do Mindelo. O nome desta baía deriva da abundância nas suas águas de uma espécie de tubarão denominado de tubarão-gata. Trata-se de uma enorme piscina natural, já que a saída para o mar está fechada por rochas que fazem uma barreira.

A Baía das Gatas empresta a sua localidade e nome ao famoso Festival das Baía das Gatas que, pela sua importância cultural e económica, é abordada mais à frente neste documento.

Aldeia de S. Pedro

São Pedro é uma aldeia piscatória que fica 7 km a Sudoeste da Cidade do Mindelo e perto do Aeroporto Internacional “Cesária Évora”. O vale de São Pedro desemboca numa bela praia de areias brancas e águas turquesas, na baía homónima onde se situa a aldeia do lado esquerdo de quem vem do Mindelo. A paisagem é árida e majestosa e os ventos constantes tornam-na numa praia internacionalmente reputada para a prática do windsurf. A aldeia é pequena e pitoresca, com casas coloridas. Praticamente apenas pescadores a habitam.

Monte Cara

O Monte Cara é uma elevação com 490 metros de altitude, a oeste da baía do Porto Grande, em frente à cidade do Mindelo, capital da ilha.

O Monte Cara, que deve o seu nome ao facto do seu recorte fazer lembrar um rosto humano olhando o céu, é o ex-libris da cidade do Mindelo. Também já foi chamado Monte Washington ou Cabeça de Washington, segundo se diz pelos marinheiros americanos dos barcos baleeiros que demandavam o Porto Grande no século XIX à procura de tripulação e que deu origem à emigração de cabo-verdianos que se fixaram no porto baleeiro de New Bedford na zona de New England. Existe uma lenda contada pelos mais antigos de que os portugueses quando chegaram à ilha identificaram a cara como sendo de D. Afonso Henriques.

O Monte Cara foi eleito em 2013 com uma das sete maravilhas de Cabo Verde.

Baía do Mindelo (Baía do Porto Grande)

A zona costeira da Baía do Mindelo situa-se entre a Ponta de João Ribeiro a NE e a Ponta do Morro Branco a SW. As excelentes condições naturais desta baía fizeram com que fosse no passado considerado um dos portos de águas profundas mais seguros do mundo, tendo devido à sua localização estratégica no oceano Atlântico chegado a ser um dos três portos mais movimentados do planeta no século XIX.

Recentemente a baia foi eleita como umas das baías mais belas, ao entrar para o exclusivo Clube das Baías mais Bonitas do Mundo.

O Porto Grande continua a ser o maior e melhor porto de Cabo Verde, mantendo a sua tradição de servir a marinha internacional e afirmando-se cada vez mais como um importante porto de escala de navios de cruzeiros do Atlântico médio que serve também as frotas pesqueiras internacionais que vêm fazer o transbordo das suas capturas, abastecimento e recrutamento de tripulação.

Orla costeira e praias de São Vicente

A diversidade existente ao nível da orla costeira está também relacionada com a natureza geomorfológica, geofísica, pedológica e orográfica das praias e encostas, muito condicionada por fenómenos físicos e oceanográficos dominantes - velocidade e a direção dos ventos, correntes marítimas, ondulação e marés.

Assim, a orla costeira da ilha é composta de arribas rochosas, praias de areia preta ou branca, praias de calhaus ou de cascalho, zonas de baixios rochosos, pedregosos e arenosos, zonas de dunas e vales de ribeiras (DGMP, 1998a).

A orla costeira da ilha de S. Vicente, atualmente, é caracterizada e assumida, estrategicamente, como um recurso, constituindo-se numa das maiores potencialidades de desenvolvimento económico do país com destaque para o turismo, a aquacultura e a pesca, atividades marítimas, portuárias e industriais (produção de água e sal).

De igual modo, as várias praias das zonas costeiras, nomeadamente, na Baía do Mindelo, Baía de S. Pedro, Baía das Gatas, Salamansa, Baía de Jon d’ Évora, Baía de Flamingo, Calhau, Saragarça, Topinho, Palha Carga e Calheta, constituem centros potenciais de desenvolvimento do turismo de sol & praia, pesca desportiva e ecoturismo marinho.

Praia da Laginha

A Praia da Laginha é uma bela praia de areia branca e de um azul penetrante que fica situada mesmo na Cidade do Mindelo. Trata-se de um grande ativo para a cidade. A sua marginal convida todos os dias os moradores, principalmente ao final da tarde, a grandes caminhadas e exercício físicos nas “máquinas de Fitness” improvisadas na praia.

Mesmo ao pé da praia há vários bares e restaurantes que servem tanto aos moradores como aos turistas. Há lugares para prática de futebol e voleibol e vários desportos náuticos.

Praia da Cova d´Inglesa

Trata-se de mais uma praia da cidade. Tem pouca areia e que é muito frequentada pela população das zonas próximas que até fazem um festival entre os meses de Julho e Agosto.

Nos meses de verão há colocação de barracas que servem comidas e bebidas. É formada maioritariamente por piscinas naturais que requerem alguma atenção. Situa-se à entrada da cidade e tem a Praia do Lazareto logo ao lado, fazendo todas parte da Baia do Porto Grande.

Praias da Galé e Lazareto

Pertencem ao conjunto de praias que fazem da Baía do Porto Grande e que têm ao fundo o Monte Cara. Formam um conjunto contíguo e extenso de areia branca que serve aos poucos banhistas que as frequentam. São mais frequentadas nos meses de verão e servem a pequena vila do Lazareto que se situa lá perto.

Praia da Fateja

Esta praia fica localizada atrás do Monte Cara. É maioritariamente rochosa, com um areal que aparece somente em alguns meses do ano. É uma bela praia, um sítio magnífico, com belezas naturais que proporcionam uma paisagem descontraída e uma piscina natural para um mergulho após a caminhada.

Não há estrada de acesso de carro e esta só pode ser alcançada subindo o Monte Cara a pé, ou em alternativa por via marítima em barcos de recreio ou bote de pesca.

Praia de São Pedro

A praia de São Pedro é uma extensa praia de águas azuis turquesas considerada uma das melhores para a prática do surf, windsurf e bodyboard mas não é recomendada a pessoas que não sabem nadar bem por causa da sua forte arrebentação, que é particularmente forte nos meses de Verão.

A paisagem é árida e majestosa, devido às suas ondas fortes, ventos constantes e marés vivas é a praia escolhida por muitos campeões mundiais para a prática das modalidades já referidas. São Pedro é uma aldeia piscatória pequena e pitoresca, com casas coloridas, fica a 7 km a sudoeste da Cidade do Mindelo.

Praia de Flamengo

Praia desabitada que fica no extremo de um vale paralelo ao de São Pedro, com uma montanha a separá-los mas com acessos diferentes. Chega-se ao vale de Flamengo numa estrada de terra que não é difícil de se alcançar depois de se sair da estrada de São Pedro à esquerda na zona do parque eólico.

Com água cristalina e areia fina é muito convidativa ao banho. O mar tem ondas mas não é muito frequentada pelos amantes de prática de desportos de ondas.

Praia de Palha Carga

É uma linda praia que se alcança após percorrer o igualmente bonito vale de Palha Carga, que é ladeado por montes de bonito recorte. A praia tem uma grande extensão de areia branca e preta e um mar azul que só é recomendável a bons nadadores por causas das ondas, das correntes e por falta de nadadores-salvadores.

Sandy Beach/Boca de Lapa

A praia de Boca de Lapa situa-se no sul da ilha e foi batizada pelos surfistas “Sandy Beach”. É onde se realiza o “Open Sandy”, uma das maiores provas do circuito nacional de surf e bodyboard em Cabo Verde. Já há uma grande participação de desportistas de outros países mas ainda a competição não foi incluída no Circuito Internacional.

O mar não é muito propício à prática de natação devido à forte rebentação que apresenta e mesmo ao pé de rochas, mas boa para a prática de desportos de ondas. A praia possui um areal estreito e por ser considerada afastada da cidade não é frequentada pelo público em geral.

Praia do Tupim

Mesmo ao lado da praia de Sandy Beach, com as mesmas condições e usa-se a mesma estrada de acesso mas com muito menos areia. Maioritariamente frequentada pelos amantes de desportos de ondas, surf e bodyboard.

Praia de Saragarça

Fica no sul da ilha e juntamente com Sandy Beach e Tupim faz um conjunto de praias que são a menina dos olhos dos amantes de surf, windsurf, bodyboard e kitesurf.

Baía do Calhau

A Baía do Calhau fica em frente à ilha deserta de Santa Luzia que nos dias de boa visibilidade pode ser vista com clareza. Apenas a 20 minutos do centro da cidade, a mesma é ideal para a prática de surf e pesca e entre a Praia Grande e a praia de Saragarça.

A 4 km para sul de Calhau fica a cratera do vulcão Viana, extinto e a norte do povoado também se encontram outros cones de vulcões extintos. Há uma piscina natural que fica mesmo ao pé do vulcão que já teve intervenção humana para melhor servir os banhistas.

Praia Grande

A Praia Grande localiza-se entre o Calhau e a Praia do Norte (ou Norte da Baía), no nordeste da ilha e a leste do Monte Verde. Pode-se chegar lá através da nova estrada que do Calhau ou da estrada da Baía das Gatas/Norte de Baía. O seu areal branco que se estende ao longo da costa contrasta com as rochas vulcânicas adjacentes fazendo uma paisagem idílica para os seus frequentadores e turistas. Muito frequentada por causa das suas ondas que propiciam a prática de surf, windsurf, kitesurf e bodybord.

Praia do Norte da Baía das Gatas

A Praia do Norte é uma praia que fica no povoado denominado Norte da Baía e que se localiza entre a Praia Grande e a Baía das Gatas e a nordeste do Monte Verde. Muito frequentada pelos amantes da pesca à linha que lá vão passar o fim-de-semana. O mar não é muito seguro porque tem muitas correntes mas que permite banhistas pequenas incursões por não ser muito funda, embora não seja aconselhável.

Baía das Gatas

Baía das Gatas é o nome de uma bela baía natural, que possui uma pequena localidade com casas de veraneio e que fica a menos de 10 km a leste da cidade do Mindelo. O nome desta baía deriva da abundância nas suas águas de uma espécie de tubarão denominado de tubarão-gata.

A Baía das Gatas possui uma enorme piscina natural, já que a saída para o mar está fechada por recifes naturais que fazem uma barreira, o que a torna na praia mais segura do país. Os especialistas consideram-na também a área do país melhor adaptada para a aprendizagem de vários desportos náuticos, como sejam windsurf, vela, motonáutica, mergulho com escafandro autónomo, etc. A Baía das Gatas possui bonitos fundos marinhos do tipo coralífero, ideais para o mergulho de observação, para além da caça submarina.

Na praia acontece todos os anos no mês de Agosto, aquele que foi o primeiro festival de música do arquipélago conhecido internacionalmente por ser também o maior e que dura durante 3 dias e 3 noites, atraindo gente de todas as ilhas e da diáspora cabo-verdiana e alguns turistas.

Salamansa

Salamansa é uma linda baía de águas claras e mornas com uma bela e extensa praia deserta que fica no canal que separa São Vicente da Ilha de Santo Antão. A Vila de Salamansa fica situada a norte da ilha no caminho para a Baía das Gatas é uma pequena localidade de pescadores, gente simples e hospitaleira.

Há uma escola e empreendimento para aluguer de equipamentos para prática de Kitesurf e a praia é boa também para windsurf e bodyboard. O acesso à praia é feito pela estrada Mindelo/Baia das Gatas e depois a estrada que vai para a vila piscatória.

João D’Évora

Praia de areia branca e deserta do Norte da ilha; fica situada a cerca de 4 km do Mindelo, e protegida dos ventos pelas montanhas em redor. É uma praia isolada e não vigiada com fama de ser perigosa mas com ótimas condições para lazer e banhos de mar.

A Ilha de São Vicente é considerada a capital cultural de Cabo Verde. A ilha oferece um variado leque de produtos culturais que constituem um atrativo único e genuíno, com destaque para a Passagem do Ano, o Carnaval, os Festivais de Teatro e de Música e as Festas de Romaria.

A cidade do Mindelo possui um bom número de restaurantes que oferecem a gastronomia nacional e ainda oferece uma vida noturna intensa, com muita música e espaços de diversão. A cidade dispõe de muitas galerias de artistas plásticos, pintores e escultores, e ainda lojas que vendem souvenirs de artesanato, roupas tradicionais, bebidas, doces, etc.

Atrativos culturais materiais

A Cidade do Mindelo e a sede do Concelho de São Vicente, e é a segunda maior cidade de Cabo Verde. Ocupa uma área total de 67 km² a Noroeste da ilha, na Baía do Porto Grande, porto natural formado pela cratera submarina de um vulcão com cerca de 4 km de diâmetro. O Ilhéu dos Pássaros, com 82 metros de altitude e que hospeda um pequeno farol, sinaliza a outra extremidade da cratera.

Mindelo é o resultado de duas grandes influências coloniais, a portuguesa e a britânica, que se anunciam ao virar de cada esquina nos seus arruamentos e na arquitetura dos seus belos edifícios.

Destacam-se o Palácio do Governador, a Câmara Municipal, a Pracinha da Igreja - o berço da cidade, a partir da qual foram construídas as primeiras casas e traçadas as primeiras ruas - a Avenida Marginal com a réplica da Torre de Belém de Lisboa, o Fortim d'el-Rei que é a construção mais antiga existente em Mindelo, com uma soberba vista panorâmica sobre a cidade e a baía e a Alfândega Velha, hoje Centro Cultural do Mindelo, único local instituído como guardião dos riquíssimos testemunhos da arte cabo-verdiana.

Em relação ao Fortim d’el Rei, pelo marco histórico que representa, convém mencionar que foi erguido em 1852, com a função de defesa do Porto Grande e da cidade.

Torre de Belém (Réplica), Antiga Capitania dos Portos

As obras da Réplica da Torre de Belém, antiga sede da Capitania do Porto Grande começaram em 1918 e terminaram em 1921 mas os anexos ficaram concluídos somente em 1937 servindo as mesmas de moradia para o Capitão-mor. Foi construída a imitar a Torre de Belém em Lisboa, junto ao mar, numa torre de três pisos de base quadrada, em alvenaria de tijolo e de pedra e cal, e com um observatório na cobertura.

É decorada com símbolos manuelinos, torres de vigia e ameias em massa, imitando a Torre de Belém. Está inserida num conjunto murado que, na parte voltada para a Rua da Praia, apresenta também características do estilo manuelino e no interior, existe um pátio, coberto por telheiros.

Biblioteca Municipal, Alliance Française do Mindelo

Os edifícios da Biblioteca Municipal e da Aliança Francesa do Mindelo ocupam o terreno onde outrora existia uma única casa, casa esta que já existia num plano de 1858 e pertencia ao primeiro presidente da Comissão Municipal do Mindelo, mesmo antes da criação da Câmara Municipal.

Construída em torno do que era então a praça central, a Praça Dom Luiz, a casa era cercada por árvores e pátios. Em 1860 foi adquirida pelo governo, para abrigar a Administração do Concelho, a Repartição da Fazenda, os Correios, a Capitania dos Portos e a Delegação da Junta de Saúde em diferentes anos. O edifício foi comprado pela Companhia de São Vicente Cabo Verde (companhia de carvão), que fez grandes obras de renovação e aí instalou os seus escritórios. Para aproveitar toda o terreno e onde antes existia uma casa foi transformada em um quarteirão com diferentes edifícios.

Após a independência tornou-se sede do partido PAIGC e instalou-se aí também os escritórios da Juventude Africana Amílcar Cabral. Hoje, os edifícios são ocupados pela Biblioteca Municipal, pelo Consulado Francês e pela Alliance Française do Mindelo (1997) que abriu o seu primeiro Centro de Cabo Verde em São Vicente em 1977 (o Centro Cultural Francês de Cabo Verde).

Alfândega Velha, Centro Cultural do Mindelo

Projetada e dirigida pelo Capitão de Estado Maior do Exercito Januário Corrêa de Almeida, também Engenheiro Civil, esse edifício foi construído em 1858-1861 e ampliado em 1880-1882. Faz parte do grupo dos edifícios mais antigos da cidade, tendo aí funcionado antiga Alfândega. Trata-se de uma construção térrea, erigida sobre a baía. Apresenta um corpo central rematado por frontão, que exibe um delicado desenho arquitetural, com uso de pedra branca e molduras de vãos de estilo clássicos.

Funcionou como Alfândega até 1976, passando depois a albergar durante algum tempo o Instituto dos Seguros e o Notariado e em 1983 passou a Museu Etnológico. Foi restaurado em 1997 e hoje alberga a Delegação do Ministério da Cultura, possuindo uma sala de teatro onde todos os anos em Setembro se assiste ao Festival de Teatro internacional Mindelact, o Março Mês de Teatro e outras atividades de música e dança ao longo do ano; há também salas de exposição onde já passaram diversos artistas nacionais e internacionais. A exibição de filmes e lançamentos de livros também se encontram na programação do centro. Foi restaurado novamente em 2011 pelo Ministério da Cultura.

Capitania dos Portos, Comando Naval, RTC

Situado na Avenida Amílcar Cabral (Avenida Marginal para a população) o edifício foi construído entre 1961‐1967 e é atribuído ao arquiteto Lucínio Cruz. O edifício da Capitania, como era chamado, foi um dos primeiros a serem feitos na ilha no novo estilo de construção da arquitetura moderna, o modelo do bloco isolado, assente sobre pilotis (estrutura assente em pilares). Feito com uma suave curvatura para acompanhar a forma da marginal e com quatro pisos, este edifício era um orgulho tanto para o Governo como para o Comando Naval.

Depois da independência passou a funcionar no edifício a Delegação Escolar (saiu anos depois) e a Rádio (hoje RTC). O edifício mais pequeno hoje alberga a Policia Judiciaria- Delegação de São Vicente.

Consulado Inglês

Pertence ao conjunto dos edifícios mais velhos da cidade, tendo pertencido a John Miller, representante da Companhia Visger & Miller (1853). A casa ficou conhecida como o Consulado Inglês porque John Miller foi Cônsul Inglês por várias vezes 1870-75, 1877-80 e 1885-94 e o consulado funcionava na sua casa. Não se sabe a sua data de construção mas a primeira vez que foi referida/referenciada num Boletim Oficial foi em 1874, pelo que se especula que seja anterior a 1870.

Foi vendida ao Estado de Cabo Verde depois da independência que pretendia ai instalar a Escola de Artesanato, primeiramente denominada de Cooperativa Resistência e depois de Centro Nacional de Artesanato (CNA). Conservou essa função até o Centro ser transferido para o novo edifício na Praça Nova.

Cais acostável do Porto Grande (1959-1961)

A sua construção começou em 1960 após muita insistência do deputado de origem cabo-verdiana, Dr. Adriano Duarte Silva, que defendeu durante anos a construção do porto junto das autoridades portuguesas.

O porto foi inaugurado a 3 de Maio de 1961, e modernizado em 1997 com a construção do parque de contentores e o terminal de cabotagem e melhoramento do cais de pesca.

Constituído por três molhes em forma de “F” unidos pelo cais de acesso, possui um cais de pesca e cinco armazéns de mercadorias cobertos. Mantem o “focus” em três áreas de negócios, Turismo de Cruzeiros, Transbordo de Contentores e o Tráfego Internacional de Navios de Pesca.

Fortim D’el Rei

Construído entre 1852 e 1853 devido à necessidade de proteger a baía por causa do comércio de carvão. Feito numa arquitetura muito sóbria, o Fortim é constituído por uma estrutura térrea, de forma aproximadamente quadrangular em planta, com um pátio central e com salas internas envolvidas por varanda e terraço.

É a construção mais antiga da cidade, mas foi sujeita a várias reparações e ampliações dependendo das funções que na altura decidiam atribuir-lhe.

 

Atrativos culturais imateriais

Carnaval

Das várias manifestações de natureza cultural que se realizam em Mindelo, o Carnaval é, sem sombra de dúvidas, a que envolve o maior número de pessoas. Envolve de uma maneira geral, todos os artistas plásticos populares e as mais prendadas costureiras da cidade, sendo a confeção toda nacional. Ao lado dos grandes carros alegóricos, produtos de uma imaginação provida de sonhos, desfilam os comediantes tradicionais a que muito impropriamente o povo chama de «espontâneos» ou de «grupos de animação».

Festival da Baía das Gatas

Desde 1984, que o Festival de Música da Baía das Gatas (Imagem 5147) é realizado anualmente no primeiro fim-de-semana de lua cheia do mês de Agosto. Começou por ser um encontro de amigos que se reuniam na praia da Baía das Gatas para compor e tocar música.

Cresceu de ano para ano, até se tornar num evento musical de referência internacional, um autêntico encontro de gentes, culturas e vozes de todos os quadrantes do mundo, pois, todos os anos chegam músicos de todo o mundo para esta grande festa de música onde obviamente predominam os ritmos africanos. Para além da atuação de artistas e bandas nacionais e estrangeiras, há também desportos náuticos e uma variada programação cultural. O festival é tão concorrido que todos os quartos disponíveis ficam completamente lotados e os voos para São Vicente totalmente saturados.

O ambiente em São Vicente é marcado pela predominância da cultura urbana, com um sistema de arruamentos, calcetamento e asfalto considerado relativamente bom.

Nas fronteiras do crescimento da cidade do Mindelo, existem muitas barracas, edifícios improvisados construídos com materiais. Esse tipo de habitação precária também se encontra em zonas já mais consolidadas em termos urbanos.

Através da Associação Nacional dos Municípios Cabo-verdianos (ANMCV), e numa plataforma de parceria com o Governo Central e a Cooperação Internacional, o Município de São Vicente adotou um Plano Ambiental Municipal, enquanto importante instrumento de promoção e proteção ambiental no Concelho e a nível do país, que tem contribuído para a promoção do desenvolvimento integrado e sustentável, a igualdade de oportunidades e equidade social num ambiente para todos, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável, i.e. “num modelo de desenvolvimento, que permite às gerações atuais satisfazer as suas necessidades, sem por em risco a possibilidade de outras gerações satisfazerem as suas necessidades.

Município de Ribeira Brava

A vila da Ribeira Brava, também conhecida popularmente (em crioulo) por Stanxa (do português Estância), é a sede do concelho do mesmo nome.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

O Município da Ribeira Brava foi formado a partir da cisão do antigo concelho de São Nicolau em dois novos concelhos. O concelho da Ribeira Brava é constituído por duas freguesias: Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora da Lapa.A sede do concelho é Ribeira Brava, uma vila/cidade com ruas estreitas e onde, pela sua arquitetura e simbolismo, se destacam a Igreja Matriz e o Seminário-Liceu, este aberto em 1866. Durante muitos anos foi o centro da intelectualidade cabo-verdiana, e também o berço do movimento literário “Claridade”, um marco para a literatura cabo-verdiana, fundado por nomes como Baltazar Lopes, Manuel Lopes, João Lopes e Jorge Barbosa em 1936, distingue-se como um importante foco de cultura que veio influenciar várias gerações de intelectuais cabo-verdianos

Criação

O Município da Ribeira Brava, foi criado através da Lei nº 67/VI/2005, de 9 de maio, quando a ilha de São Nicolau passou a estar administrativamente dividida em dois Concelhos.

Localização geográfica

A ilha de São Nicolau localiza-se aproximadamente no centro do arquipélago de Cabo Verde e faz parte do grupo das ilhas de Barlavento. Está situada entre os paralelos 16º 40, 16º 29 N e os meridianos de 24º 00 e 24º 30W.

Ocupa uma área de 343 km², tendo 45 km no maior comprimento (sentido E-W) e a largura máxima de 25 km (sentido N-S), sendo considerada a quinta maior ilha do país. Em dias favoráveis, no cume do Monte Gordo, no coração de São Nicolau, pode avistar-se todo o arquipélago cabo-verdiano.

População

Segundo o INE em 2010, o município possuía uma população de 7596 habitantes sendo 3893 do sexo masculino e 3703 do sexo feminino. E de acordo com projeção desta mesma fonte para o ano de 2017 o município contou com 7.135 habitantes sendo que 3755 masculinos e 3280 do sexo feminino.

A economia de Ribeira Brava é caracterizada essencialmente por disfunções de carácter estrutural que estão intimamente ligadas a escassez de recursos naturais, ausência de definição da real vocação da ilha em matéria de desenvolvimento, a fraca concentração de capital, falta de recursos humanos qualificados que está intimamente ligado à sua condição de ilha periférica e fenómeno migratório e imigratório.

O domínio produtivo da Ilha está fortemente dominado pelo sector primário, assumindo a agricultura, a pesca e a pecuária papel de destaque, embora em termos de distribuição do emprego o sector terciário ocupa a primeira posição, com cerca de 48%.

Agricultura

O município continua a deter uma forte vocação agrícola, de sequeiro e irrigada. Das áreas cultiváveis significativa maioria situa-se em encostas e pequenas parcelas em achadas e leitos de ribeiras.

As culturas irrigadas caracterizam-se pela sua pequena superfície, bem como a sua dispersão nos espaços hortícolas. O vale de Fajã é onde esse tipo de agricultura é praticado com maior expressão a nível do Concelho, a par de pequenas explorações ao longo do vale da Ribeira Brava, Camarões e Ribeira Funda.

No regadio cultiva-se a cana sacarina (que de uma forma geral ocupa cerca de 2/3 da área cultivada), banana, hortícolas raízes e tubérculos. As principais culturas de sequeiro produzidas na ilha são o milho, o feijão e tubérculos. Uma melhor organização desta forma de agricultura passa pela utilização dos solos de acordo com a sua vocação natural.

Pecuária

A pecuária é um sector de forte tradição no Município e está intimamente ligada ao setor agrícola. Esta é caracterizada pela exploração familiar e constitui um complemento importante para o rendimento dos agregados familiares.

Os criadores são também na sua maioria agricultores, dedicam à criação essencialmente de caprinos/ovinos e suínos em regime extensivo, utilizando raças locais com elevada rusticidade e fraca produtividade.

Indústria

Atividades industriais existentes no Município limitam-se basicamente a pequenas unidades de carpintaria e marcenaria, reparações mecânica e panificação.

A nível de transformação de produtos agropecuários, à exceção da produção de aguardente, não existe no município a tradição, pelo que se torna necessário promover ações que visem a dinamização dessas atividades.

Verifica-se algum incremento da atividade de construção civil, se bem que, praticada de forma autónoma, excetuando as grandes empresas que se instalam ocasionalmente para atuarem nas grandes obras públicas;

Comércio

O sector do comércio caracteriza-se pela existência de pequenas casas comerciais, venda a retalho, serviços de restauração, bares, etc.

Pesca

A distribuição da população no Município foi fortemente influenciada por fatores de ordem geográfica ou económica. Sendo a atividade piscatória uma forma de subsistência, faz com que tal como acontece com as zonas onde existem condições para a prática da agricultura, encontremos concentrações da população em algumas zonas do litoral de Ribeira Brava.

A Pesca tem tradicionalmente desempenhado um papel relevante no desenvolvimento socioeconómico de São Nicolau, não só pelo número de pessoas que depende dela, mas também pela sua contribuição no tocante ao enriquecimento da dieta alimentar da população.

As principais comunidades piscatórias do concelho são Preguiça (comunidade relativamente próxima da Cidade da Ribeira Brava) e Carriçal que também constitui uma das fortes comunidades piscatórias da ilha.

O Município de Rª Brava de S. Nicolau apresenta grandes potencialidades turísticas nos mais variados domínios. Refere-se por exemplo, ao turismo de Montanha, Turismo rural, histórica e cultural. Uma visita ao Município constitui um componente aliciante para os turistas que poderão encontrar alternativa para complementar a experiência de outras ilhas mais planas.

Em Ribeira Brava é possível descansar, relaxar e contemplar a natureza (pôr do sol) na sua beleza e calma selvagem, com toda a segurança e tranquilidade, bem como desfrutar de caminhadas, com o objetivo de explorar terrenos despovoados, grutas, belas paisagens, com montanhas e vales, uma flora e fauna com espécies raras e um património histórico riquíssimo.

Neste particular, se destaca, o Parque Natural Monte Gordo, uma das sete maravilhas de Cabo Verde.

Atrativos Turísticos Naturais

Longe de ser um Concelho com vocação balnear, baseado no dualismo sol/praia, Ribeira Brava não deixa, todavia, de possuir excelentes atrativos naturais, como sejam a sua temperatura amena, as suas belas paisagens relaxantes, com montanhas e vales para caminhadas, uma flora e fauna com espécies raras e nalguns lugares, o mar com a pesca e as praias de areia negra.

No Município de Ribeira Brava é possível descansar, relaxar sob o sol e refrescar-se nas águas ainda pouco poluídas do mar. As caminhadas, com o objetivo de explorar terrenos despovoados ou contemplar a natureza (por do sol) na sua beleza e calma selvagem, podem ser feitas com toda segurança e tranquilidade.

Por outro lado, e para quem procura férias mais radicais, Ribeira Brava oferece possibilidades de prática de desportos como “voos delta”, alpinismo, montanhismo, pesca desportiva (pesca do “blue marlin” peixe espada raro e outros de grande porte) e submarina, automobilismo todo terreno entre outros, todas oportunidades de recuperar o contacto com a natureza.

Destacam-se no Município da Ribeira Brava vales imponentes ladeados de relevos montanhosos como os Vales da Ribeira Brava, da Fajã e das Queimadas e ainda o vale da Covoada, este de difícil acesso e que constitui um interessante desafio para os amantes de caminhadas, pois o percurso de subida da montanha que separe o Vale da Covoada do verdejante Vale da Fajã, oferecendo uma vista deslumbrantes de ambos.

Parque Natural de Monte Gordo (Município de Ribeira Brava)

O Parque Natural de Monte Gordo, particularmente a zona que fica dentro do Município de Ribeira Brava, é dotado de uma variedade relativamente grande, de raros tipos de habitats, entre os quais uma vasta extensão de habitats de Tortolho (Euphorbia tuckeyana), o Dragoeiro (Dracaena draco), considerada uma espécie endémica de Cabo Verde, bem como a Macela do Gordo (Napliu smithii), uma espécie endémica, encontrada apenas nesta Reserva Natural

A reserva natural tem sido objeto de visita de vários grupos científicos que vêm de várias partes do mundo para observar plantas e aves endémicas.

Pela sua importância científica e de destaque turístico, o PNMG foi escolhido como uma das sete maravilhas de Cabo Verde.

“Monte Casador”

Monte Casador” localiza-se entre as localidades de Água das Patas e Cachaço mítico “Monte Casador” (em português, monte casamenteiro) que, através do jogo das pedrinhas é-lhe reservado o mágico poder de adivinhar o destino das moças, relativamente à sua sorte de casar ou não, mantendo-se bem presente no imaginário popular

Vale de Ribeira Brava

Deve o seu nome ao aspeto impetuoso da sua ribeira em épocas de chuvas. Vale majestoso de uma beleza rara que tem o seu ponto mais alto no Monte Cintinha e o ponto mais baixa na praia de nome ‘Prainha’

Vales de Queimadas e Fajã

O Vale de Queimadas começa numa zona costeira perto da localidade de Carvoeiros e tem o seu ponto mais alto na cintura montanhosa que engloba o Monte Cintinha. O vale é dividido em Queimadas-de-baixo e Queimadas-de-cima. Trata-se de um vale estreito, mas muito bonito e de fácil acesso. Possui uma paisagem verdejante devido à agricultura ali praticada e um conjunto harmonioso de casas em ambas encostas das montanhas que o ladeiam.

O Vale da Fajã começa numa zona costeira de nome Estância-de-Baixo e tem o seu ponto mais alto a zona do Cachaço. Está dividido em Fajã-de-Baixo, Fajã-de-Cima, Canto-de-Fajã e Lombo Pelado

Reserva Natural Monte Alto das Cabaças

O Monte do Alto das Cabaças é considerado um dos maiores centros de concentração de espécies da flora autóctone e da vegetação natural do Município de Ribeira Brava a par do Parque Natural de Monte Verde e Vale de Fajã

Inserido na zona sub-húmida, o Alto das Cabaças faz parte da segunda cumeada da ilha que vai de leste a oeste. Constitui, com os seus 656 m, a maior elevação do leste. As encostas íngremes constituem, devido à sua inserção entre as cadeias de montanhas de leste e oeste, uma barreira de intersecção dos ventos húmidos, provenientes do mar. Origina-se assim uma grande quantidade de precipitações ocultas que beneficiam a vegetação local.

Zonas costeiras

A maior parte das zonas costeira cai a prumo sobre o mar, formando por vezes, falésias impressionantes e constantemente batidas pelo mar. Mas também há praias de areia negra muito bonitas embora um tanto perigosas em termos de natação, nomeadamente as praias ‘Prainha’, Curral Velho, Preguiça, Carriçal, entre outras.

Por outro lado, as praias de areia preta são ricas em titânio e iodo e são procuradas por quem sofre de artrite e doenças reumáticas. Essa areia oferece o antídoto ao stress do quotidiano mais agitado. Os habitantes dessas praias com o seu saber-fazer utilizam algas marinhas e o calor da areia para aplicarem massagens relaxantes a interessados no alívio de dores e cansaço.

Caminhos vicinais

Para além da rede de estradas principal, pavimentadas em asfalto ou em calçadas, o Concelho da Ribeira Brava está bem servido em termos de vias carroçáveis, caminhos vicinais que partem de todos os lugares e passíveis de assegurarem acesso seguro às mais recônditas localidades. Desde os vales de relevos montanhosos, como são os casos dos vales de Covoada, até os vales da Fajã, Queimadas e Ribeira Brava, detentores de uma paisagem única de enorme grandeza e beleza, onde a convivência homem e natureza se conjuga numa harmoniosa simbiose.

A cultura do Município é riquíssimo e traduz um conjunto de tradições, manifestações e modos peculiares de fazer determinadas artes e produção de objetos de valor etnográfico, na forma de utensílios do uso quotidiano de grande valor educativo, heranças culturais que têm conseguido sobreviver através das gerações. Neste particular pode-se realçar: a música, a dança e a literatura.

Ribeira Brava possui um passado extraordinário em termos de tradições culturais, com destaque para as festas tradicionais e de romaria (caracterizadas por numa simbiose perfeita entre o religioso e o profano), o Carnaval, o batismo e o casamento tradicionais, a gastronomia, as tradições orais, etc.

Atrativos Culturais Materiais (património natural e construído)

O Concelho possui um riquíssimo potencial histórico e cultural. Em matéria de património construído, destaca-se:

A Estrutura arquitetónica

Organizadas em torno de distintos eixos urbanos que causam admiração do forasteiro que visita a Cidade da Ribeira Brava. O Edifício dos Paços do Concelho e a Praça “Cónego Bouças” são referências arquitetónicas na Cidade de Ribeira Brava. As ruas estreitas mantêm as características morfológicas e tipológicas representativas de uma época e de uma anterioridade, sob o ponto de vista da tradição urbanística que se afirmou em Cabo Verde.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Mandada construir em Junho de 1804, na praça principal da vila pelo frei Silvestre de Maria Santíssima, é um templo magnífico, tanto na grandeza como na sua estrutura, contendo um espólio de arte sacra que inclui um cálice de ouro maciço do tempo do rei D. Manuel, artisticamente esculpido da base à haste;

Ex-semanário Liceu

A primeira instituição de instrução católica construída pelos portugueses em África. Capela de São José - São Nicolau, cabeça da comarca de Barlavento desde 1851, aliada à grande tradição de ensino, quer por incitava de particulares, quer por obra do governo que ali sustentava três escolas de instrução primária, em 1867 recebe o primeiro Seminário - Liceu de Cabo Verde, debaixo da proteção de São José e da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Nossa Senhora, padroeira dos reinos e domínios de Portugal.

Escola Central (atual Biblioteca Municipal)

Datada de 1947, a Escola Central, atual Biblioteca Municipal, revela-se uma obra imponente, com fachada típica do Estado Novo, mostrando a conceção de uma cidade bela e harmoniosa

O edifício está fortemente ligado ao ensino em Cabo Verde, cujas primeiras tentativas de instituição do ensino no País, no século XVIII, coincidem com a assinatura do alvará que elevou Ribeira Brava à categoria de vila.

O Terreiro

É um pequeno quadrilátero situado no centro histórico, alberga os mais importantes monumentos da urbe, incluindo a Igreja matriz, representa o lugar de centralidade e de convergências, local de encontro dos anciãos, das brincadeiras das crianças e dos casais de namorados.

O Orfanato Rainha Santa Isabel

Foi uma instituição de cariz puramente religiosa. Nele acolhiam-se crianças do sexo feminino que eram entregues aos cuidados das Religiosas do Amor de Deus.

Foi instalado no Caleijão, no edifício que fora a antiga residência dos bispos. Foi fundado em 1943 e durante a sua existência, até os anos setenta, desempenhou, junto da população, um papel extraordinário na educação cívica e cristã bem como na moral e nos bons costumes. O Orfanato era visto, nos seus tempos áureos, como uma fonte de formação feminina onde as moças aprendiam a arte de bem-estar, bem-fazer e bem-servir.

Antigo Forte do Príncipe Real da Preguiça

Porto da Lapa (primeiro desembarcadouro da ilha) - a história conta e os registos confirmam que no ano de 1500, aos vinte e dois dias de Março, passou ao largo desta ilha de São Nicolau a armada da capitania de Pedro Álvares Cabral na rota para a descoberta das terras de Vera Cruz. O padrão do tipo henriquino está situado no porto da Preguiça, principal ancoradouro da época que possibilitava o fornecimento em água e viveres.

A estátua do Dr. Júlio José Dias

O Dr. Júlio Dias ofereceu a sua própria casa para a implantação do Seminário-Liceu, que mais tarde viria a ser convenientemente ampliada, pois que os objetivos da igreja poderiam gorar-se por falta de imóvel apropriado para o fim em vista. Esse benemérito, tanto como cidadão como profissional, cujo busto ainda está colocado na Cidade de Ribeira Brava foi o primeiro médico cabo-verdiano, cujos estudos foram feitos em Paris na faculdade da Sorbonne e concluídos em 1830.

Estátua do Dr. Baltazar Lopes da Silva

Concebida entre 2006 e 2007 e implantada na praça dos correios em 23 de Abril de 2007, destaca este intelectual sanicolauense.

Baltasar Lopes da Silva nasceu na aldeia do Caleijão na ilha de São Nicolau em Cabo Verde, no dia 23 de Abril de 1907. Concluiu os seus estudos secundários em São Vicente, viajou para Portugal para estudar na Universidade de Lisboa, onde formou-se em Direito e Filologia Românica. Depois da universidade, Baltasar Lopes regressou a Cabo Verde, onde exerceu o cargo de professor no Liceu Gil Eanes em São Vicente.

Atrativos Culturais Imateriais

O Concelho da Ribeira Brava possui um passado extraordinário em termos de tradições culturais, com destaque para as festas tradicionais e de romaria (caracterizadas por numa simbiose perfeita entre o religioso e o profano), o Carnaval, o batismo e o casamento tradicionais, a gastronomia, as tradições orais, etc.

O Concelho encarna no seu seio todo um conjunto de tradições, manifestações culturais e modos peculiares de fazer determinadas artes e produção de objetos de valor etnográfico, na forma de utensílios do uso quotidiano de grande valor educativo, heranças culturais que têm conseguido sobreviver através das gerações. Isso concede-lhe um estatuto de perpetuador de testemunhos e sentimentos de pertença da cultura de Cabo Verde, pelo que se destaca enquanto verdadeiro espaço de educação, recriação e partilha cultural e preservação da memória coletiva local da nação cabo-verdiana.

Festas Tradicionais

As romarias realizam-se ao longo de quase todo o ano, e proporcionam ocasiões e locais de encontro de gentes de uma região que acorrem para conviver, reavivar ou renovar conhecimentos, saber notícias de fora, entabular relações e até negócios, estreitando, assim, os laços que enformam as comunidades.

Destacamos as romarias de Nossa Senhora do Rosário, realizadas em Outubro na Cidade da Ribeira Brava; de Nossa Senhora da Lapa que tem lugar em 8 de Setembro na localidade das Queimadas, e, uma das mais concorridas da ilha, não só pelos aspetos religiosos como pelas atividades lúdicas que a integram, de Nossa Senhora da Cintinha, que se realiza na localidade de Cachaço, num domingo de Maio. Do programa consta sempre uma parte religiosa (com missa, procissão e sermão), seguida de diversões, folias animadas com fogo-de-artifício e grogue.

“S. Pedro - 29 de Junho - A seguir ao Carnaval, São Pedro é a maior festa popular do Município da Ribeira Brava. Festejada na sede do concelho, com muitas atividades, com destaque para o dia 28 de Junho onde se destaca o “saltá lumnar”, o intenso e cadenciado rufar dos tamboreiros, com grupos organizados da Cidade e do Vale da Ribeira Brava, acompanhados das coladeiras, num ritmo intenso e de muita animação.

No dia 29 de Junho, o largo da Passagem, em plena ribeira que atravessa a cidade, pessoas vindas de toda a ilha esperam ansiosamente pela corrida de cavalos, prato forte do dia. De manhã é celebrada a missa na igreja matriz, dedicada a S. Pedro. O rufar dos tambores intensifica à tarde, com a descida em desfile do célebre e tradicional barco da zona de Chãzinha, acompanhado dos tamboreiros e das coladeiras.

O “Saltá Lumnar” - Geralmente na véspera das festas tradicionais, à noite, a tradição manda fazer uma grande fogueira e muitos jovens aproveitam para saltar a fogueira, conhecido por “saltá lumnar”, acompanhado do intenso e cadenciado rufar dos tambores e do sensual e ritmado “colá sanjon”

É neste ambiente que se desenrola o “colá” – dança típica, a um ritmo excitante de tambores, no meio de um barulho ensurdecedor de apitos e gritos delirantes, homens e mulheres, aos pares, correm uns para os outros, de braço ao alto, para embaterem de frente o baixo-ventre e as coxas duns contra os outros. Depois do choque apartam-se para continuarem num vaivém que dura até ao cansaço.

Carnaval

O Carnaval da Ribeira Brava é muito celebrado e unanimemente aceite como o segundo mais importante do país, logo após o da vizinha ilha de São Vicente; o centro da pequena Cidade da Ribeira Brava transforma-se numa passarela de carros alegóricos trajes coloridos e muita música, desde sambas de sabor brasileiro a ritmos carnavalescos locais, que dão um brilho especial a essa festa, motivo que faz da ilha uma paragem obrigatória durante aquele período.

Artesanato

O artesanato da Ribeira Brava é um dos artesanatos cabo-verdianos mais conhecidos: produção de rendas e bordados, a cestaria, as miniaturas em madeira, bijuteria, entre outras

Porém o artesanato que mais caracteriza este Município e a Ilha de São Nicolau é a cestaria. No Município de Ribeira Brava e em São Nicolau no geral encontram-se diversos tipos de objetos de cestaria, que essencialmente consistem num entre cruzar das tiras, de folhas de coqueiro, varinhas de verga, “canas de cariço”, varas de alguns arbustos como: jardineira, “barnedeira”, marmeleiro, etc. confecionando apetrechos domésticos de diversa utilidade tais como balaio, canastra, sapateira, balaio de “tentê”, etc., trabalhos que vão resistindo no tempo e que se mantém manuais e artesanais. As esteiras são fabricadas com folhas de coqueiro, nervuras secas de folhas de bananeira e ainda existe uma planta aquática chamada “goia” que atinge dois metros ou mais de altura, cujas folhas extraem tiras para fabricar esteiras.

Gastronomia

É muito particular desta ilha o “Modje de Capóde” (caldo de carne cabrito capado e legumes como mandioca, banana verde, batata, abóbora, inhame, tudo cortado aos cubos), o rolão (milho ralado em tamanho médio) e o friginato (preparado com miudezas e carne de porco).

A mandioca, cujo cultivo foi incrementado em 1810, como um dos recursos contra a fome, ocupa uma área considerável em relação ao total de outras culturas tradicionais.

O fabrico da Farinha de Pau (farinha de mandioca) é um importante marco da Cultura saonicolauense, que vem perdurando por gerações e que durante os meses de Março e Junho a moagem assume-se como uma tradição familiar.

Música

A canção “Sodade”, celebrizada por Cesária Évora, foi escrita nos anos 50 do século passado, que tenta transmitir as saudades daqueles que deixavam a ilha em busca de uma vida melhor, na sequência das grandes secas e fomes, rumo às roças de São Tomé, é sem dúvida a pérola da música de São Nicolau e da Ribeira Brava em particular. A morna, a coladeira, a contradança, a mazurka e a polka são as manifestações mais importantes.

A preocupação com o meio ambiente assumiu cá também importância redobrada, reconhecidas que foram os impactes ambientais negativos, resultantes da degradação do meio ambiente a nível local, sobre as condições e a qualidade de vida das populações.

Estudos realizados pelo INGRH indiciam que somente 13% (ou 118 milhões de m3) das chuvas que caem sobre o arquipélago recarregam os aquíferos, enquanto 87% perde-se por escoamento superficial e evapo-transpiração. Tal circunstância é aqui agravada pelas condições orográficas, e pela erosão que se verifica nas zonas altas, que facilita a desagregação de material inerte, que, depositado nos leitos das ribeiras, que é arrastado em grandes quantidades pelas enxurradas.

A gestão ambiental ao nível local é efetuada pelo município através dos serviços de ambiente e saneamento, auxiliado por um conjunto de normas e planos que regem segundo as leis nacionais em matéria ambiental.

Município de Tarrafal de São Nicolau

Tarrafal de São Nicolau foi criado em 2005, quando o antigo Concelho do São Nicolau foi dividido em dois, passando a parte sudoeste a ser chamada Concelho de Tarrafal de São Nicolau, e a parte nordeste a ser chamada Concelho de Ribeira Brava.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

O Município do Tarrafal de São Nicolau tem sido alvo de rápidas mudanças estruturais em função da dinâmica de crescimento, sobretudo após a sua elevação à categoria de município, determinada pela crescente procura de bens, serviços e emprego, agravadas pelas demandas de infraestruturas básicas, necessárias ao bem-estar da população, nomeadamente no que diz respeito à educação, saúde, habitação, transporte, saneamento básico e lazer.

Habitação

A situação de habitação no concelho é relativamente confortável; Mais de 90% das habitações são casas individuais, sendo que uma percentagem acima de 70% ocupa residência própria. De forma geral, em alguns os bairros da cidade, ainda se verificava a presença de habitações com condições precárias.

O rápido crescimento de Tarrafal determinou o esgotamento de lotes para construção que levou a autarquia a solicitar ao governo a afetação de terrenos para expansão urbana, nos quais foram desenvolvidos projetos urbanísticos, destinados a atender às demandas, crescentes, em processo de alienação. (Dados perfil 2012)

Água

Relativamente ao abastecimento de água, a população não carece de falta de água de uma forma geral (segundo o relatório da junta da recursos hídricos 87,2% da população é servida no que toca ao abastecimento da agua), com uma capacidade de 22l/hab/dia. A distribuição é feita através do sistema de redes chafarizes fontanários e auto tanques.

Saneamento

Quanto ao saneamento básico nota-se claramente que existe um sistema funcional, mas básico, apesar dos esforços feitos nos últimos tempos para melhorar a situação.

A Delegacia de Saúde de São Nicolau, situada na vila de Ribeira Brava, cobre toda a população da ilha incluindo a do Município do Tarrafal. Os Postos Sanitários prestam cuidados de saúde curativos, fornecem cuidados de saúde no âmbito do programa de saúde reprodutiva e estão sob a responsabilidade do enfermeiro residente.

Educação

O Município do Tarrafal de São Nicolau possui uma estrutura educativa local bem organizada, baseada numa rede de escolas espalhadas por quase todas as localidades do Concelho, garantindo à população maior e melhor acesso ao ensino e como tal ao conhecimento e ao saber.

Pobreza

A crise económica tem vindo, desde 2008, a diversificar a pobreza e a acentuar as desigualdades sociais, na medida em que muitas famílias têm ficado sem emprego e, consequentemente, sem os meios de subsistência. Embora limitada pelas dificuldades financeiras, a Câmara tem orientado as suas ações para as populações mais afetadas, garantindo-lhes o acesso às necessidades básicas, nomeadamente de saúde, educação e formação profissional.

Vem promovendo ações de informação, sensibilização e de assistência às famílias-alvo, mas também de formação e capacitação de jovens e mulheres chefes de família, orientando-os para o mercado de trabalho, ou então para a criação do autoemprego, com vista à sua inclusão nas dinâmicas sociais e económicas da ilha.

Tarrafal a sede do município surgiu e desenvolveu-se à volta da atividade pesqueira e da indústria conserveira de tunídeos, se bem que outros sectores ganharam expressão;

Sua economia é caracterizada essencialmente por disfunções de carácter estrutural associadas à escassez de recursos naturais, à fraca concentração de capital, carência de recursos humanos qualificados, intimamente relacionados à sua condição de Concelho pequeno, novo, inserido numa ilha considerada periférica e ao fenómeno migratório.

Suas principais vocações, identificadas como sendo a pesca e o turismo e a agropecuária, encontram-se por explorar.

A produção do Concelho está fortemente dominada pelo sector primário, assumindo a agricultura, a pesca e a pecuária papéis de destaque. Com exceção da atividade industrial que se restringe basicamente à conservação do pescado, todas as outras são exploradas em regime familiar de subsistência e caracterizadas por fragilidades acentuadas.

Agricultura

Apesar das secas cíclicas e prolongadas que têm assolado a Ilha de São Nicolau, e consequentemente o Município de Tarrafal, este continua a deter uma forte vocação agrícola. Considera-se que cerca de 28% dos seus habitantes, correspondente à população rural, dedica se ou depende essencialmente desta atividade para sobreviver. Das áreas cultiváveis, uma significativa maioria situa-se em encostas, e pequenas parcelas em achadas e leitos de ribeiras.

 

Não obstante tratar-se de agricultura de auto-suficiência, continua-se a praticar na ilha dois tipos de exploração agrícola: a de regadio e a de sequeiro.

As culturas irrigadas caracterizam-se pela sua pequena superfície, bem como a sua dispersão nos espaços hortícolas. O Vale de Fragata/Ribeira Prata é onde esse tipo de Agricultura é praticado com maior expressão a nível do Concelho, a par de pequenas explorações em Espigão (Hortelã), Palhal e Ribeira dos Calhaus, e de um pequeno perímetro na Cidade do Tarrafal.

Indústria

Atividades industriais existentes no Município limitam-se basicamente a uma unidade de transformação de pescado, na Vila do Tarrafal, e a pequenas unidades de carpintaria e marcenaria, reparações mecânica e panificação.

Verifica-se algum incremento da atividade de construção civil, se bem que, praticada de forma autónoma, excetuando as grandes empresas que se instalam ocasionalmente para atuarem nas grandes obras públicas;

Comércio

É de salientar a existência de atividades comerciais pouco significativas, com destaque para as pequenas casas comerciais, minimercados, venda a retalho, serviços de restauração, etc.

Pesca

A distribuição da população na Ilha foi fortemente influenciada por fatores de ordem geográfica, mas também económica.Sendo a Pesca uma atividade económica, ela terá contribuído certamente para a fixação da população no litoral do Tarrafal.

De entre as atividades que têm vindo a assumir um papel cada vez maior no desenvolvimento socioeconómico do município, destaca-se a pesca, não só pelo número de pessoas que emprega direta e indiretamente, mas também pela sua contribuição no tocante ao enriquecimento da dieta alimentar da população.

É na Cidade do Tarrafal que se localiza a fábrica de conservas de pescado SUCLA. Pratica-se a Pesca Artesanal e Semi-Industrial, essencialmente por métodos artesanais.

O Município de Tarrafal de São Nicolau apresenta grandes potencialidades turísticas nos mais variados domínios, ainda que pouco exploradas. Refira-se por exemplo, a beleza e diversidade das suas paisagens, às qualidades medicinais das areias, à pesca desportiva e desporto náuticos e ao Parque Natural de Monte Gordo.

Atrativos Turísticos Naturais

A Ilha de São Nicolau e especificamente o Município de Tarrafal, constitui um património natural único, com características bem diferenciadas relativamente às outras ilhas do arquipélago.

O espectro climático confere-lhe uma biodiversidade própria, em que se destaca a maior parcela do Parque Natural de Monte Gordo, os vales de Fragata e Ribeira Prata. A preservação de importantes componentes da diversidade biológica do município deve ser equacionada no sentido de um melhor aproveitamento das potencialidades identificadas, aparecendo o turismo de montanha, o ecoturismo e o turismo científico como as atividades que potencialmente poderão tirar um melhor proveito deste recurso.

Parque Natural de Monte Gordo

O Parque Natural Monte Gordo representa a amostra mais representativa dos ecossistemas húmidos de montanha da Ilha de São Nicolau e um dos mais importantes ecossistemas de agricultura de sequeiro de Cabo Verde. Abrange desde os estratos bioclimáticos áridos, na parte sul do Monte Gordo e os sub-húmidos a nor-nordeste até o cume do mesmo que está a 1312 metros de altitude.

O Parque Natural de Monte Gordo, bem como na zona que fica dentro do Município de Tarrafal, é dotado de uma variedade relativamente grande, de raros tipos de habitats, entre os quais uma vasta extensão de habitats de Tortolho (Euphorbia tuckeyana), o Dragoeiro (Dracaena draco), considerada uma espécie endémica de Cabo Verde, bem como a Macela do Gordo (Napliu smithii), uma espécie endémica, encontrada apenas nesta Reserva Natural.

A vegetação atual do Parque é dominada principalmente por árvores tais como Pinus sp., Eucalyptus sp. e Cupressus sp., sobretudo na vertente N-NE. Pequenas áreas são ocupadas por outras espécies florestais, nomeadamente Acacia sp. e Grevillea robusta, sobretudo na vertente S-SW.

Finalmente deve-se destacar a alta diversidade e a complexidade natural da área, resultantes das inúmeras combinações entre tipos de relevo, altitudes, características topográficas, substrato rochoso, solos e cobertura vegetal natural.

Carbeirinho

Carbeirinho, situado na zona da Praia Branca, é o resultado dos caprichos da natureza e a beleza deste sítio é tão rara que foi eleito uma das 7 maravilhas de Cabo Verde.

Carbeirinho é um dos principais pontos de lazer e caracterizada pela sua larga gruta que serve de abrigo aos que pretendem desfrutar de uma das mais belas paisagens marítimas da ilha de São Nicolau

Pode ser considerado um capricho da natureza, uma obra-prima esculpida pela constante ação dos elementos sobre a paisagem, mas seja qual for o desígnio que ditou a sua formação, o homem agradece e curva-se perante tanto e tão incomum beleza natural.

Vale da Ribeira Prata

É um vale de relevos montanhosos com características únicas, detentor de uma paisagem de enorme grandeza e beleza, onde a convivência do homem e da natureza se conjuga numa harmoniosa simbiose. É nestas montanhas onde se encontra a famosa ‘Rocha Scribida’ que se supõe ter sido escrita por piratas. Trata-se dum local de visita obrigatória por parte de visitantes, devido à sua beleza e grandeza

Baía do Tarrafal

A Baía do Tarrafal situa-se na costa oeste da Ilha e encontra-se limitada pela Ponta da Pedra Vermelha a Noroeste e pela Ponta Cacimba a Sudeste. O núcleo principal da vila do Tarrafal situa-se junto do litoral, nas imediações da Ponta do Tarrafal, saliência rochosa e baixa situada na transição do litoral que corre do sudeste para o sul.

O litoral da baía é formado por trechos de diferentes naturezas, encontrando-se praias de areia preta, faixas de calhau e trechos rochosos.

Zonas costeiras

As zonas costeiras, ainda que pouco exploradas apresentam grandes potencialidades turísticas nos mais variados domínios. Refira-se por exemplo, a beleza e diversidade das suas paisagens costeiras nomeadamente as praias do Barril, Praia da Luz, Praia de Francês, Baia de Papagaio, Praia Debaixo de Rocha, Baia de Focado.

As praias desta região são conhecidas pelas qualidades medicinais das suas areias, existindo uma tradição antiga de deslocação de pessoas de outras ilhas para ali realizarem tratamentos, sobretudo as que padecem de doenças reumáticas.

A região possui ainda um grande potencial noutros desportos náuticos, com especial relevo para o mergulho de observação e a caça submarina, que se podem praticar em toda a orla costeira e ainda nos vizinhos ilhéus Raso e Branco.

O Concelho do Tarrafal de São Nicolau tem uma grande riqueza cultural tanto material como imaterial.

Atrativos Culturais Materiais (Património natural e construído)

Cidade do Tarrafal

Esta cidade desenvolveu-se no seguimento da construção do porto de pesca e do comércio em meados dos anos 80. Atualmente, este porto suplantou o da Preguiça no Concelho da Ribeira Brava e é o local de implementação do maior empregador do concelho, que é a Fábrica de Conserva de peixe SUCLA.

Farol do Baril e ex-colónia prisional portuguesa

Documentos referenciados por João Lopes Filho dão conta que em 1841 existiam portos de menor importância, como é o caso da Baía de Barril O Farol de Baril era utilizado no apoio à frota interinsular, mas sobretudo aos veleiros que mantinham ligação com Santa Luzia.

A colónia prisional de Tarrafal de São Nicolau surgiu despois do ano de 1931. A Revolução falhada em 4 de Abril desse ano na Madeira ditaria a deportação de insurgentes para Cabo Verde e a localidade de Tarrafal da Ilha de São Nicolau foi a escolhida

Atrativos Culturais Imateriais

O Concelho tem uma grande riqueza cultural em termos de manifestações ligadas às artes – música, danças tradicionais e artesanato. Figuras importantes da cultura nacional como o músico Paulino Vieira e a escritora Leopoldina Barreto são originárias deste concelho.

São muitas as tradições culturais, com destaque para as festas tradicionais e de romaria (caracterizadas por numa simbiose perfeita entre o religioso e o profano), a gastronomia, as tradições orais, etc.

O Concelho do Tarrafal de São Nicolau encarna no seu seio todo um conjunto de tradições, manifestações culturais e modos peculiares de fazer determinadas artes e produção de objetos de valor etnográfico, na forma de utensílios do uso quotidiano de grande valor educativo, ou seja, existe um conjunto de heranças culturais que têm conseguido sobreviver através das gerações.

Festas Tradicionais

As romarias realizam-se ao longo de quase todo o ano, e proporcionam ocasiões e locais de encontro de gentes de toda uma região que acorrem para conviver.

Destacamos as romarias de S. Francisco de Assis, realizadas no Iº Domingo de Outubro na Cidade do Tarrafal, a mais concorrida do Município, não só pelos aspetos religiosos como pelas atividades lúdicas que a integram. Do programa consta sempre uma parte religiosa (com missa, procissão e sermão), seguida de diversões, banhos de mar, folias animadas com foguetório e grogue.

No Concelho do Tarrafal as festas de São João, São Pedro são ainda motivo de animada e concorrida concentração de festeiros, com destaque para a famosa festa de S. João no povoado da Praia Branca.

Artesanato

No Município do Tarrafal de São Nicolau encontram-se diversos tipos de objetos de cestaria (principalmente nas zonas de Fragata e Ribeira Prata), que essencialmente consistem num entre cruzar das tiras, de folhas de coqueiro, varinhas de verga, “canas de cariço”, varas de alguns arbustos como: jardineira, “barnedeira”, marmeleiro, etc. confecionando apetrechos domésticos de diversa utilidade tais como balaio, canastra, sapateira, balaio de “tentê”, etc., trabalhos que vão resistindo no tempo e que se mantém manuais e artesanais.

Para além desses produtos acima referidos podemos destacar trabalhos em coco. Existem também algum artesanato em pedra nomeadamente moinhos de mão, pilões, que são destinados à utilização comum.

Gastronomia

A gastronomia do Tarrafal assim como em toda a Ilha de São Nicolau é rica em tradição. A sua especialidade é o “Modje São Nicolau”, um caldo de carne cabrito capado e legumes (mandioca, banana verde, batata, abobara, inhame, tudo cortado aos cubos). Este prato é muito utilizado nas festas de casamentos, onde é acompanhado com “xerém” feito a partir de milho. Destacam-se também pratos como a “Cachupa Rica” considerado o prato nacional, “Caldo de Peixe”, “Xerém”, “Cuscuz”, “Ralon” “Papas de milho moído servidas com leite”, “Milho em Grão” e “Farinha de Pau” (farinha de mandioca), assim como diversos pratos de peixe sempre fresco e saboroso, sem esquecer os mariscos e o atum enlatado que é de grande qualidade.

Nos restaurantes e bares são servidos pequenas porções de marisco conhecidas como “bafas”, muitas vezes como entradas ou petiscos.

Os doces tradicionais como o de goiaba, papaia, coco, batata-doce, abobara, leite, entre outros, merecem destaque especial. Os bolos têm um espaço importante, assim como o queijo branco de cabra.

Música

A canção “Sodade”, celebrizada por Cesária Évora, escrita nos anos 50 do século passado, que tenta transmitir as saudades daqueles que deixavam a ilha em busca de uma vida melhor, na sequência das grandes secas e fomes, rumo às roças de São Tomé, é sem dúvida a pérola da música do Município do Tarrafal e de São Nicolau em geral. A morna, a coladeira, a contradança, a mazurka e a polka são também géneros musicais muito apreciados e dançados no concelho há várias gerações.

A gestão ambiental ao nível local é efetuada pelo município através dos serviços de ambiente e saneamento, auxiliado por um conjunto de normas e planos que regem segundo as leis nacionais em matéria ambiental.

O Plano Ambiental Municipal, elaborado no âmbito do II Plano de Acão Nacional para o Ambiente (PANA II), afigura-se como um documento de extrema importância na gestão ambiental ao nível do município a par do Código de Posturas Municipal, do Plano Diretor Municipal que determina a vocação dos solos e a sua utilidade, do Plano de Recolha e Tratamento dos Resíduos Sólidos e do Plano Diretor para as Águas Residuais (em busca de financiamento).

As ONG’s de cariz ambiental também possuem um papel importante na gestão ambiental, pois conseguem afetar recursos que possibilitam a implementação de pequenos projetos junto das comunidades vulneráveis, visando a sua sensibilização para as questões ambientais.

Município do Sal

A ilha do Sal foi descoberta pelos portugueses em 1460. O início do seu povoamento, que carece de uma data concreta, foi realizado por habitantes procedentes das ilhas de S. Nicolau e Boa Vista, que se dedicavam fundamentalmente a actividades ligadas à pesca e à pastorícia.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

A Ilha do Sal dada a sua aridez fez com que durante séculos se mantivesse despovoada, servindo apenas de habitat de animais e habitação para os escravos que exploravam as salinas. O povoamento efetivo da ilha foi promovido, nos finais do século XVIII, por Manuel António Martins, que nomeado seu administrador, deu início a exploração e exportação do sal. O comércio desta matéria-prima começou a ser desenvolvido no século XVIII, mas só em meados do século XIX, com a exploração intensiva do mesmo para exportação (Brasil e África), é que se determinou a sua povoação.

No entanto, a sua prosperidade efetiva começou em 1939 com a construção, por iniciativa italiana, do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral (AIAC) - renomeado após a independência. De início, vocacionado para o reabastecimento de aviões de longo curso e depois utilizado como infraestrutura para o desenvolvimento turístico da ilha.

A ilha é constituída por quatro principais aglomerados populacionais, sendo que, o mais populoso é a cidade de Espargos, o centro administrativo, político e comercial do concelho e onde fica localizado o AIAC, o primeiro do país. O nome desta cidade deve-se a um planalto que, nos tempos em que chovia com alguma regularidade, ficava coberto de pequenas moitas de espargo bravo (asparagus squarrosus).

Criação

A ilha foi descoberta a 03 de dezembro de 1460, na altura era denominada de “Lhana” (devido ao seu relevo plano), mas alguns anos mais tarde, após o início da exploração do sal, passou a ser chamada de “Sal”.

A ilha do Sal foi elevada à categoria de Município no ano de 1935, devido ao aumento da população separando-a deste modo do antigo Concelho da Boa Vista.

Localização geográfica

A ilha do Sal está localizada entre os paralelos 16º 36’ N e 16º 31’ N e os meridianos 22º 53´ W e 23º 00’ W de Greenwich, ocupando uma superfície de 216 km2 (5.5% do território nacional) de fisionomia alongada, sendo que o maior cumprimento vai das pontas do Norte e do Sino, a Sul, medindo 29.770m, e a maior largura de 11.800m entre o Rabo de Junco e os Ilhéus de Chano.

No conjunto das ilhas de Cabo Verde, a ilha do Sal está localizada no extremo nordeste do arquipélago, tendo como vizinha, a sul, a Boa Vista e a Oeste a ilha de São Nicolau. A ilha, bem como o arquipélago, encontra-se englobada na região da África subsaariana, conhecida como Sahel, caracterizada por condições climáticas áridas, chuvas irregulares, cobertura vegetal parca e escassa e com uma rede hidrográfica irrelevante. A fauna é composta por algumas espécies de pássaros, insetos, répteis, peixes e tartarugas.

População

Segundo os dados do censo 2010, a ilha do Sal tem uma população total de 25 970 habitantes, sendo que a maior parte se concentra no meio urbano, representando 92,5%. A população é maioritariamente jovem e em idade ativa. O género masculino predomina com 53,9% seguido do feminino com 46,1%.

A estrutura social é formada por pessoas oriundas dos diferentes pontos de Cabo Verde, que trouxeram consigo especificidades culturais da ilha de origem. Deste modo, a cultura salense é o resultado deste caldeamento, onde se vai associar também influências do turismo e da migração euro-africana, parte dela para trabalhar na construção dos empreendimentos turísticos, na rede viária e demais infraestruturas. A dinâmica populacional da ilha do Sal apresenta uma taxa de crescimento médio anual de 5,5%, das mais altas do país, abarcando 5,2% da população do arquipélago.

Segundo dados de 2017 a projeção da população foi de 36769 sendo que 19563 são masculinos e 17205 feminino.

A economia da ilha do Sal, desde o século XIX, esteve vocacionada para a exploração e exportação do sal, contribuindo largamente para a fixação da população nesta ilha, porém, esta teve o seu declínio.

Agricultura

Devido às condições climáticas e dos solos, a agricultura tem pouca expressão na economia local. O potencial em recursos hídricos subterrâneos é fraco, aliado à má qualidade da água, daí que não se pode falar, com propriedade, em agricultura irrigada com utilização desses recursos.

Pecuária

As pecuárias, tal como a agricultura, têm reduzida expressão no Sal, cingindo-se à criação de porcos. No entanto, o seu peso como sector complementar da economia familiar é incontestável.

Indústria

A extração do Sal foi, no passado, a principal atividade económica da ilha, estando intimamente relacionada com o processo de povoamento da ilha. Com o declínio das salinas, este sector tem atualmente pouca expressão na economia.

Novas atividades surgiram, entretanto, imprimindo uma nova dinâmica económica à ilha, como os serviços e a construção civil, associados às principais atividades económicas: o aeroporto internacional e o turismo.

As unidades industriais são essencialmente pequenas, ligadas ao sector da panificação, carpintaria, mobiliário e reparações automóveis.

Pesca

A pesca já chegou a constituir o principal sector de atividade económica após a indústria do sal. Atualmente, situa-se num plano bem distante dos transportes (aeroporto), do comércio e do turismo.

Embora a ilha tenha um grande potencial de pesca, vários fatores têm dificultado o seu desenvolvimento, quais sejam, o baixo nível de qualificação do pessoal em técnicas de tratamento, conservação e higiene, fracos incentivos ao investimento e ao pescador artesanal, insuficiência de infraestruturas de apoio (produção de gelo, degradação do cais de pesca, entre outros).

O sector das pescas é composto por um segmento de captura que utiliza, maioritariamente, botes artesanais, um segmento de produção de conservas e um segmento de transformação para a exportação de pescado fresco ou congelado e crustáceos.

O turismo é, sem dúvida, o principal motor de desenvolvimento, induzindo um enorme volume de investimentos realizados neste setor. Pode-se dizer que o turismo na ilha do Sal teve o seu início ainda na década de 60 do século passado, após a construção do aeroporto internacional.

A história do turismo na ilha também se encontra relacionado com a chegada do casal Belga Gaspard Vynckier e MargueriteMassart, em 1963.

Estes, atraídos pelo clima e por razões de saúde, decidiram construir uma casa de férias na vila de Santa Maria. Mais tarde, essa casa passou a acolher as tripulações de várias companhias aéreas que faziam escala no Sal. A casa veio a ser, alguns anos mais tarde, a primeira unidade hoteleira de Santa Maria, batizada posteriormente com o nome de Hotel Morabeza.

A construção do primeiro aeroporto internacional do país (único até novembro de 2005) permitiu que a ilha do Sal se posicionasse historicamente como o primeiro destino turístico de Cabo Verde, impulsionando a construção de infraestruturas hoteleiras e o desenvolvimento de projetos de imobiliária-turística de médio e grande porte que cobrem já uma parte considerável da ilha, especialmente nos arredores de Santa Maria.

A ilha do Sal é caraterizada por extensas praias de areia branca e águas cristalinas, associadas às condições climáticas (sol, vento, correntes e fortes ondulações). Essas condições naturais constituem recursos excelentes para a prática do turismo de sol e praia e desportos náuticos (surf, windsurf, kitesurf, mergulho, natação, pesca desportiva e passeios de barco). Para além destes, também apresenta potencialidades que permitem desenvolver outros tipos de turismo, nomeadamente, ecoturismo (observação de fauna) e turismo de negócios e eventos (feiras, congressos).

Atrativos turísticos Naturais

A ilha do Sal desde muito cedo começou a dar sinais de desenvolvimento da atividade turística, através da construção do aeroporto e da casa de férias (atual Hotel Morabeza). Estas e outras infraestruturas levaram ao aproveitamento dos recursos da ilha, nomeadamente os naturais. Estes recursos devido ao fluxo turístico que atraem constituíram-se verdadeiros atrativos turísticos, permitindo classificar a ilha como um dos principais destinos turísticos do país.

Áreas de Proteção Ambiental

As áreas de proteção ambiental da ilha do Sal fazem parte da rede nacional de áreas protegidas e foram assim classificadas, no intuito de conservar os seus recursos naturais e culturais, uma vez que, nelas se concentram as maiores populações de espécies de fauna e flora endémicas. Essas áreas são detentoras de valores geológicos, geomorfológicos e estéticos que necessitam ser preservados e ainda algumas delas constituem habitats específicos de espécies animais de grande importância socioeconómica e ameaçadas de extinção.

Em muitas das áreas protegidas da ilha, realizam-se atividades turísticas, tais como, excursões, mergulho, desportos náuticos, observação de tartarugas marinhas, de baleias, entre outras, que carecem de um planeamento e devida fiscalização no sentido de garantir a sua sustentabilidade.

Descrição das Áreas Protegidas:

Reserva Natural de Serra Negra

Fica situada na parte sudeste da ilha, mais precisamente entre a Ponta de Fragata e a Ponta do Morrinho Vermelho. Esta reserva apresenta praias com alto valor ecológico devido à presença de espécies faunísticas, com especial importância para a tartaruga Caretta caretta. A costa apresenta zonas rochosas, com acumulação de rodolitos, fragmentos de corais e conchas, alternadas zonas de charcos intermareais e zonas de praias de areia.

Reserva Natural da Costa da Fragata

Fica localizada na parte sudeste da ilha do Sal, apresentando um sistema dunar com alto valor ecológico e um importante ecossistema marinho. Constitui uma extensa praia de areia, com cerca de 4,7 km, bordeada por um cordão dunar, paralelo à costa, seguida por uma extensa salina revestida parcialmente por areias. Para além disso, constitui a fonte de areia que mantêm, com seu dinamismo, as praias da zona de Santa Maria e Ponta Preta. Com o objetivo de controlar os possíveis efeitos sobre os valores naturais da Reserva, em especial sobre o habitat da tartaruga e sobre a circulação de areias da que se alimenta o sistema dunar deste espaço, inclui-se uma Zona Periférica de Proteção Marinha, que abarca uma franja marinha de 300 metros ao longo da costa.

Reserva Natural da Ponta do Sinó

A reserva natural é uma área que abarca parte do extremo sul-ocidental da ilha do Sal, desde a Ponta do Sinó até a Baía do Algodoeiro, ocupando uma área costeira conformada por dunas, terras salgadas e praias. A sua declaração como reserva natural deve-se a conservação das praias, pelo seu valor ecológico relacionado com o ciclo biológico das tartarugas e o ecossistema das terras salgadas para acolher avifauna local e migratória, bem como, pelo valor geomorfológico e paisagístico do sistema dunar.

Reserva Natural Marinha da Baía da Murdeira

Trata-se de uma ampla baía semicircular aberta ao sudoeste da ilha, desde o pico de Rabo de Junco e a Ponta de Rife e dispõe de uma Zona de Amortecimento Terrestre ao longo de toda a sua orla costeira, com uma espessura de 150 metros.

A sua proteção se deve a riqueza dos seus ecossistemas submarinos, com uma elevada proporção de elementos endémicos e singulares, assim como das praias de alimentação e nidificação de algumas espécies de tartarugas marinhas e por constituir parte do habitat de algumas aves marinhas singulares, tais como guinchos (Padion haliaetus), rabo-de-juncos (Phaeton aethereus) e também pela presença estacional das baleias rorqual (Megaptera novaeangliae), espécie ameaçada, cuja conservação se reveste de grande importância a nível mundial.

Reserva Natural Rabo de Junco

Localiza-se no setor ocidental da ilha, flanqueando o lado norte da Reserva da Baía de Murdeira e está conformado por um alinhamento de duas elevações, o pico de Rabo de Junco e a Rochinha de Rabo de Junco, ao Norte da anterior.

A sua classificação se deve à presença e nidificação de espécies emblemáticas do arquipélago, o que converte a Reserva num lugar chave para a conservação das aves. Para além disso, destaca-se pelos seus valores paisagísticos e a singularidade morfológica e geológica do Pico de Rabo de Junco.

Paisagem Protegida Monte Grande

Constitui o relevo topográfico mais elevado da ilha, com 406 metros de altitude acima do nível médio do mar. O fundamento para sua proteção se justifica pelo valor geológico dos seus materiais recentes, com setores de pillow-lavas no litoral. Apesar de existir mais formações do tipo na ilha do Sal este pela sua extensão e caraterísticas, merece uma atenção especial, dada à existência de alguns endemismos florísticos e aves protegidas.

Paisagem Protegida Buracona-Regona

Inclui parte do litoral norte-ocidental da ilha do Sal, desde o norte de Palmeira até Ponta Preta, incorporando um relevo montanhoso, Monte Leste, que alcança 269 metros desde o nível do mar e que se destaca por se elevar abruptamente sobre as planícies circundantes. A sua declaração como Paisagem Protegida se fundamenta na proteção de um setor do litoral insular, muito representativo desde o ponto de vista geológico e paisagístico, pela presença de formas vulcânicas singulares como lavas almofadadas e tubos vulcânicos

Paisagem Protegida Salinas de Santa Maria

Localiza-se a norte do núcleo de Santa Maria e encontra-se totalmente rodeada pela Reserva Natural de Costa da Fragata. Embora estejam em bom estado de conservação, atualmente não estão em exploração, servindo-se ocasionalmente para o consumo local.

Paisagem Protegida Salinas de Pedra de Lume e Cagarral

Localiza-se ao sul do maciço de Monte Grande e forma, junto ao anterior, a única cadeia montanhosa do setor norte-oriental da ilha do Sal. A caldeira de Pedra Lume é uma das manifestações vulcânicas mais recentes da ilha, tendo desenvolvido na sua cratera uma excecional exploração salineira de enorme interesse em períodos históricos anteriores. O principal fundamento da sua proteção é a preservação de elementos tanto naturais como culturais, relacionados com a existência de uma interessante caldeira vulcânica e com a exploração de salinas, tendo formado uma paisagem de singular beleza e valor eco cultural.

Monumento Natural Morrinho de Açúcar

A proteção deste espaço deve-se a beleza, singularidade e representatividade de um elemento geológico de alta incidência visual, por ser uma chaminé vulcânica ancorada no meio de uma extensa planície e representativa da natureza vulcânica da ilha, por constituir os restos de uma chaminé fonolítica. Atualmente encontra-se em avançado estado de degradação.

Salinas

A ilha do Sal possui duas salinas: a de Pedra de Lume e a de Santa Maria, que tiveram uma importância relevante no povoamento e crescimento económico da ilha. Dessas duas, a de Pedra Lume se ressalta mais pela sua história, cultura, vestígios e também por constituir uma atração turística de excelência, uma paisagem única na ilha e no país.

Salinas de Santa Maria

As salinas do Portinho foram construídas em 1834 por Manuel António Martins. Inicialmente procedeu à drenagem das águas para construir as marinas que eram alimentadas por meio de bombas eólicas. Mais tarde, importou da Inglaterra uma via-férrea (a primeira da África Ocidental) para transportar o sal até ao porto de embarque, através de vagões movidos à vela.

Salinas de Pedra de Lume

As Salinas de Pedra de Lume situam-se na costa leste da ilha e caraterizam-se por um conjunto de marinas existentes numa caldeira piroclástica de um vulcão extinto, devido a uma lenta infiltração da água do mar que juntamente com as condições climáticas permitiram a formação de uma bacia de evaporação, dando origem as salinas.

Piscina e Gruta Naturais

Buracona é constituída por uma piscina natural de água cristalina formada por algumas concavidades maiores nas rochas e pela rebentação das ondas que a vão enchendo e renovando as águas. Nesta área recomenda-se a maior cautela com alguns pontos devido a força das ondas. A piscina natural situa-se mesmo ao lado do olho azul, ficando este último ligeiramente acima (no topo).

É através da gruta natural que se pode observar o olho azul especialmente visualizado entre as 10:30 e 13:30 mn, hora em que a luz do sol penetra na água verticalmente, produzindo um reflexo cristalino de rara luminosidade. Estes constituem um dos atrativos turísticos mais visitados da ilha. Um estabelecimento de restauração atende os turistas e visitantes que demandam este recurso.

Fauna Marinha

A fauna marinha na ilha é diversificada, constituída por corais, baleias, tubarões, peixes e outras espécies, com destaque para as tartarugas marinhas, mundialmente conhecidas, que se encontram em vias de extinção, devido a sua captura.

Observação de Tartarugas Marinhas

As tartarugas que procuram as praias de Cabo Verde são as que aqui nasceram, ou seja, são espécies endémicas, logo constituem um património natural. Apesar de haver registos da tartaruga comum (Caretta caretta) em todo o arquipélago, as ilhas do Sal, Boavista e Maio acolhem anualmente, e em maior número, esta espécie.

A espécie Caretta Caretta visita a ilha todos os anos entre junho e setembro, utilizando essencialmente as praias de Ponta Preta, Baía de Algodoeiro, Serra Negra, Calheta Funda, Parda e Baía da Murdeira.

Praias

Por ser essencialmente plana a ilha é cercada de praias de areia branca e águas cristalinas, assumindo o estatuto de um dos principais destinos de sol e praia do país.

Praia de Santa Maria

Trata-se de uma praia com 7 km de comprimento de areia branca e água cristalina de cor azul-turquesa. As suas magníficas potencialidades tanto para o turismo balnear, desportos náuticos e mergulho tem encantado muitos visitantes nacionais e estrangeiros, que por esta ilha passam.

Ao longo da sua orla depara-se com hotéis, restaurantes, bares e empresas de desportos náuticos, desempenhando assim, um papel importante no desenvolvimento turístico local. E nesta praia que se realiza anualmente o Festival de Santa Maria, evento indissociável das festividades do dia do Município (Nossa Senhora das Dores). A praia foi distinguida como uma das sete maravilhas de Cabo Verde.

Praia de Ponta Preta

Trata-se de uma praia adornada por dunas de areia fina e branca, apropriada para longas caminhadas e prática do surf, windsurf, bodyboard e kitesurf. Ali se realizou uma das etapas do Campeonato Internacional de Windsurf. De junho a setembro é uma das áreas privilegiadas de desova da tartaruga Caretta Caretta.

Praia de Pedra de Lume

Trata-se de uma praia muito procurada pelos residentes da cidade de Espargos e da localidade do mesmo nome, para banhos, por ser a mais próxima. Nela realiza-se anualmente o minifestival de música, por altura da celebração das festividades de Nossa Senhora de Piedade (15 de agosto).

Praia de Calheta Funda

Trata-se de uma pequena enseada, pouco profunda, de mar calmo cujo acesso se faz a partir de uma estrada de terra que o liga à estrada principal. No verão é muito frequentada pela população local para passeios e campismo, afigurando-se como área de desova de tartarugas.

Praia de Manuel António de Sousa

Muito procurada por praticantes de desportos náuticos (windsurf e kitesurf) e por banhistas

Para além das praias acima descritas, existem outras, menos exploradas a nível turístico, a saber: praias de Igrejinha, de Monte Grande, de Água Doce, de Canoa, de Palmeira, de Cascalho, de Fontona, de Leme Bedje, Quintalona/Porto Antigo, entre outras.

A ilha do Sal é considerada uma das ilhas mais multicultural do arquipélago, por receber pessoas de diversos pontos do país que levaram consigo especificidades das suas ilhas de origem. Para além destes, também a migração euro-africana tem gerado algum impacto na cultura salense sobretudo em Santa Maria.

Atrativos Turísticos Culturais materiais

Registam-se alguns edifícios históricos embora muitos deles necessitem de conservação para a sua valorização histórica e cultural. Dentre eles, destacam-se:

Capela de Nossa Senhora da Piedade (Pedra de Lume)

Constitui um ex-líbris desta localidade, pois a sua construção data do ano de 1853 por descendentes de Manuel António Martins. Esta igreja conserva ainda os traços de outrora, tendo sofrido poucas alterações à sua arquitetura original. Este edifício, por ser um dos mais antigos patrimónios edificados reveste-se de uma importância histórica e patrimonial, por constituir o primeiro marco do cristianismo na ilha.

Igreja de Nossa Senhora das Dores (Santa Maria)

O terreno para construção desta igreja foi oferecido pela viúva de Manuel António Martins a 08 de março de 1851 e numa cerimónia solene fez-se o lançamento da primeira pedra para edificação da mesma. Com a construção desta igreja, o Sal passou a ter a sua própria freguesia denominada Nossa Senhora das Dores, desligando-se então da freguesia de São Roque na Boavista.

Teleférico

Dadas as dificuldades de transporte do sal, que persistiam desde o tempo do conselheiro Martins, a companhia francesa Salins du Cap Vert, que adquirira as salinas em 1919, promoveu a importação e montagem de um teleférico que se estendia por mais de um quilómetro e com capacidade para transportar cerca de 25 toneladas de sal por hora.

Casa Viana

Localizada em frente ao pontão, constitui um monumento emblemático da ilha, pois caracteriza um dos elementos arquitetónicos do complexo industrial de exploração do sal em Santa Maria, atividade económica importante na época.

Nesta casa funcionava o escritório da Companhia de Fomento e daí se controlava o transporte do sal. Este provinha do barracão passava por baixo do túnel bem no centro da casa e seguia direto para o pontão por meio de uma linha férrea.

Casa de Manuel António Martins

Esta casa pertenceu à família Martins, foi o primeiro casarão da ilha da segunda década do século XIX.

Ca Faru

Este nome é atribuído às casas de Pedra de Lume, construídas para abrigar os trabalhadores das Salinas no século XIX, sendo as mais bem construídas pertencentes aos patrões.

Casas Típicas da Vila de Palmeira

Foram construídas para abrigar os antigos pescadores que se instalaram no local em busca de pescado e de tartarugas. Palmeira continua sendo uma Vila de pescadores, mantendo as casas o mesmo estilo arquitetónico, com ruas tranquilas que convidam a um passeio.

Pontão

Trata-se de um ex-líbris da cidade, uma vez que, desde a criação da vila de Santa Maria, servia de escoamento do sal produzido nas salinas rumo a outras ilhas e para o exterior.

Farol da Ponta de Sinó

Localizado a 300 metros para o interior da Ponta do Sinó, no extremo sul da ilha, em Santa Maria. Foi construído em 1892, possui uma torre quadrangular com uma escada exterior que conduz à lanterna, mede 9 metros de altura e 11 de altitude.

Farol da Ponta Norte (Farol de Fiúra ou Farol de Reguinho de Fiúra)

Localiza-se no norte da ilha, próximo da localidade de Reguinho de Fiúra. O Farol mais antigo foi construído em 1897 era originalmente em ferro fundido, com uma casa de faroleiros em anexo, medindo 13 metros de altura, mas este já não existe. Em tempos idos foi o mais importante farol da ilha que orientava os barcos que cruzavam aquelas águas.

Para além desses patrimónios pode-se ainda referir: o Mercado Municipal, o porto de Pedra Lume, a Capela de São José (Palmeira), a Capela de Nossa Senhora de Fátima, a Capela de São Pedro, a Capela de Santa Cruz (Espargos e Santa Maria) e a Capela de São João (Espargos). A vertente religiosa das festas de romaria realiza-se nessas capelas, nomeadamente, de São Pedro, Santa Cruz e São João.

Centro Cultura

Nos anos oitenta o espaço albergava diversos serviços como as Finanças, a Alfândega e os Correios. Foi inaugurado em maio de 1999, dispondo de uma sala de conferência, uma sala de informática, biblioteca, uma sala de língua portuguesa e um quintal utilizado para pequenas demonstrações artísticas, como a capoeira. Nesse espaço promove-se atividades lúdicas, culturais e recreativas. Situa-se na cidade de Santa Maria.

Casa Viva da Cultura – Funaná “Museu Vivo”

A casa da cultura, inicialmente um estabelecimento de restauração associou-se à promoção da cultura cabo-verdiana nos domínios da música, gastronomia, tradição e história de Cabo Verde.

Escola de Música e Artes Tututa (EMAT)Situada no Largo Milénio, cidade de Espargos, foi aberta em 2006, tendo acolhido centenas de formandos designadamente crianças, jovens e menos-jovens. Tem por missão iniciar os indivíduos nas diversas artes, tais como, aulas de guitarra, piano e ballet. O nome atribuído a esta escola pela Câmara Municipal do Sal em homenagem à senhora Epifânia de Freitas Silva Ramos (Dona Tututa) acolhe também atividades socioculturais diversas

Atrativos Turísticos Culturais Imateriais

Gastronomia Típica

Cabo Verde é um país rico em gastronomia (seja utilizando produtos agrícolas, como de frutos do mar) e a ilha do Sal, sendo uma das ilhas mais turísticas do país deve saber aproveitar essa riqueza. Nos estabelecimentos de restauração pode-se encontrar uma diversidade de ofertas a começar pelos pratos típicos como feijoada, caldo de peixe e cachupa (milho, feijão, carne de porco e legumes). Para além desses, a ilha do Sal destaca-se muito pela confeção de pratos à base dos frutos do mar, peixe (atum, serra, garoupa) e principalmente mariscos (lagosta na brasa, craca, camarão, polvo, percebes).

Música

A música é um dos traços mais sonantes da cultura cabo-verdiana. Como referido, nesta ilha acontece anualmente um dos grandes festivais de música do país: Festival de Santa Maria, para além de outros eventos de cariz musical e minifestivais. Pode-se apreciar na ilha todos os ritmos musicais tocados em Cabo Verde além de ritmos estrangeiros.

Banda Municipal do Sal

Esta banda nasceu em 1999, em resultado da oferta de alguns instrumentos de sopro pela Câmara de Grotamar, Itália, à congénere do Sal. O apoio da Câmara Municipal do Sal foi determinante para sua criação, seja na formação dos membros, seja nas instalações e apoios diversos. A banda foi consolidada em 2001 e as aulas se decorriam no Anfiteatro José Cabral e na cave do coreto da Praça Abílio Duarte. Atuaram pela primeira vez ao público em 2001, por ocasião da inauguração da referida praça, enquadrada nas festividades do Município do Sal.

Artesanato/Souvenirs

O artesanato local é considerado uma atividade com pouca expressão na ilha, contudo existe locais onde se trabalha na sua confeção, exposição e venda.

Potenciais Atrativos Turísticos da Ilha

Os locais que se apresentam a seguir constituem potenciais recursos turísticos naturais que possam ser aproveitadas para formatar novos atrativos e contribuir para diversificação da oferta turística. Alguns deles pela sua atratividade recebem visitantes, embora numa quantidade menor em comparação com os principais atrativos da ilha.

Baía de Parda

Trata-se de um local procurado por turistas para a visualização dos tubarões que constantemente assolam a sua costa. A estrada de acesso à baía é de terra e areia.

Baía do Algodoeiro

Situa-se nas proximidades da capelinha de Fátima. Permite-se observar e apreciar um bonito oásis, embora não apresente uma vegetação muito densa, constituído por tamareiras (phoenix atlântica), tarafe (tamarix canariensis) e a acácia americana (prosopis julliflora), que proporcionam uma sombra refrescante, após um mergulho ou uma sessão de pesca submarina.

Fontona

A ribeira da Fontona se localiza na extremidade oeste da ilha, nas proximidades da Palmeira, constituindo uma das principais áreas florestais da ilha, muito procurada para pic-nic e atividades de lazer. Nesta localidade, realiza-se anualmente a festa religiosa de Santa Ana que acontece em finais do mês de julho. Atualmente encontra-se praticamente abandonada.

Terra Boa

Situa-se a norte de Espargos, o nome desta localidade deve-se ao facto de possuir um solo arenoso e um subsolo argiloso propício para a prática da agricultura. Nela se acumula água das chuvas provenientes das localidades próximas.

Zona das “Miragens”

Localiza-se a seguir à Terra Boa, na parte norte da ilha, numa zona árida, seca e de terra batida. É visitada praticamente todos os dias por turistas, por causa de um fenómeno natural que se pode visualizar a certa distância, neste espaço. Os raios ultravioletas ao tocarem o solo que se encontra frio, causam uma ilusão ótica/espelho, isto é, os raios ficam um pouco acima do solo, dando uma ilusão de se ter “água ou um lago” nesta zona. Trata-se de um atrativo de fácil acesso, contudo o trajeto em terra batida encontra-se em mau estado devido à intensa circulação de veículos pesados. Foi construído neste espaço, um bar/atelier de artesanato.

Miradouro

Este miradouro situa-se na cidade de Espargos, sendo vulgarmente conhecido por Radar ou Rotcha. Nele se encontram os equipamentos de comunicação das empresas de Cabo Verde Telecom e da ASA, vigiados por militares. Dada à vista panorâmica sobre a quase totalidade da ilha e nos dias de céu limpo consegue-se avistar a ilha da Boa Vista é um ponto turístico muito visitado/frequentado por turistas.

Viveiro Cotton Bay

Situado logo após a capela de Nossa Senhora de Fátima e imediatamente antes da vila turística de Santa Maria. Foi construído em 2007 e produz uma variedade de plantas ornamentais de interior e exterior além de fruteiras. No local é utilizado um sistema de estufa que diminui a ação nociva dos raios ultravioletas nas plantas e para uma boa gestão dos recursos hídricos, utilizam o sistema de rega gota-a-gota.

Palha Verde

Localiza-se nas proximidades da Murdeira. O seu nome deve-se ao facto de na região, nos tempos que chovia com alguma regularidade, ficar coberta de vegetação rasteira que servia de pasto para o gado. A ribeira de Palha Verde foi em tempos um autêntico oásis de que restam alguns vestígios como o Tamarix canariensis (Tarafe), Phoenix (Tamareira) e a Prosopis juliflora (acácia americana).

A gestão ambiental ao nível local é efetuada pelo município através dos serviços de ambiente e saneamento, auxiliado por um conjunto de normas e planos que regem segundo as leis nacionais em matéria ambiental.

A preservação do ambiente, a qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento turístico e global da ilha estão intimamente ligados, pelo que a conservação e o desenvolvimento dos ecossistemas do Sal e a valorização dos recursos naturais devem constituir uma prioridade e ser traduzida numa orientação política de carácter horizontal e transversal, em concertação com as políticas nacionais e sectoriais e num diálogo constante e permanente com a sociedade civil.

Município de Boavista

Boa Vista (também escrito Boavista) é uma ilha do grupo do Barlavento de Cabo Verde. De todas as 10 ilhas do arquipélago, é a situada mais a leste, distando apenas 455 km da costa africana.

10 METAS CIDADES mais SAUDÁVEIS

CABO VERDE AMBIÇÃO 2030

Habitação

Em matéria de habitação social o Município, através do serviço técnico responsável pela materialização das políticas de habitação, tem mobilizado recursos para fazer face ao Planeamento da Cidade, com a concessão de apoios para a melhoria das casas degradadas pertencentes às famílias mais desfavorecidas, e na autoconstrução, partindo sempre da iniciativa das próprias famílias.

Água

Os serviços de Água e Energia são assegurados pela empresa Água e Energia da Boavista (AEB) que detém o monopólio de produção e distribuição de água e energia na ilha.

A AEB produz e distribui água e energia, tanto para os hotéis, como para a população, com exceção das localidades de Bofareira e Povoação Velha, onde a produção e distribuição de energia elétrica continuam sob a responsabilidade da Câmara Municipal.

Saúde

A ilha apresenta algumas deficiências relativamente ao sistema de saúde, tanto no nível de infraestruturas como de recursos humanos. Registando a inexistência de um hospital, conta-se como infraestruturas, um centro de saúde, um posto de saúde, cinco unidades sanitárias de base, duas farmácias sendo uma privada e outra pública e ainda com duas clinicas privadas que auxiliam na prestação de serviços aos turistas.

Educação

Assim, além das atribuições na construção, gestão e manutenção de infraestruturas da educação pré-escolar e básica, vem promovendo uma política educativa que garanta igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolar, através de medidas de ação social para os alunos mais carenciados, nomeadamente no apoio ao transporte e materiais escolares e na concessão de vagas e de bolsas de estudo para o ensino secundário, superior e formação profissional.

De acordo com os resultados do Censo 2010, Boavista apresenta as melhores taxas de alfabetização do país com 90,3% da população de 15 anos ou mais alfabetizada, sendo de 92,3% entre os homens e de 87% entre as mulheres. No que diz respeito ao nível de instrução a grande maioria da população possui o nível básico (47,6%). Cerca de 35% possui o nível secundário e cerca de 5% possui nível pós-secundário.

Pobreza

Boavista sempre foi o Concelho menos afetado pela pobreza, sendo o segundo com menor incidência da pobreza, depois do Sal.

Assim como a nível nacional, a pobreza relativa na Boavista tem vindo a diminuir. Em síntese, a análise do perfil da pobreza do Concelho revela que a incidência decresce de 14,9% em 2001/2002 para 8,0% em 2007, a um ritmo menos acelerado do que a nível nacional que decresce de 36,7% para 26,6% no mesmo período.

No passado a ilha da Boavista viveu dependente da agropecuária e da pesca. A economia da ilha assentava-se na atividade pecuária, na indústria de conservas de peixe, nas atividades de coleta como a apanha e a comercialização do sal, da urzela e da purgueira, na indústria artesanal de transformação da argila, na indústria extrativa de rochas calcárias, atividades artesanais de fabricação de cal e olaria e ainda na atividade agrícola de subsistência. Com o passar dos anos muitas dessas atividades deixaram de existir e a população afetada pelas sucessivas crises de seca começaram a abandonar a Ilha.

A “descoberta” da Ilha como forte atração turística impulsiona uma nova dinâmica no desenvolvimento económico da Ilha. Atualmente o sector do Turismo é o sector estratégico que dinamiza a economia da Ilha com consequências positivas no sector da construção, em particular da imobiliária turística, hotelaria e restauração, sectores do transporte e do comércio, entre outras atividades conexas. A abertura do aeroporto internacional vem complementar o incremento para um maior desenvolvimento do sector turístico a nível nacional, em particular da Boavista.

Atualmente o turismo constitui o sector com maior dinâmica no crescimento económico e social da Ilha e do País, na medida em que, contribui consideravelmente para a entrada de divisas, bem como para a promoção do emprego e, para Boavista, em particular, o turismo representa um dos principais eixos de desenvolvimento económico sustentado.

 

Pelo número de atividades que envolve, direta ou indiretamente, o turismo tem tido um impacto notável na disponibilização de ofertas de trabalho com consequências no aumento exponencial da população, transformando a Ilha no potencial recetor quer de migrantes internos de outras ilhas à procura de trabalho e melhores condições de vida, quer de imigrantes, investidores estrangeiros.

A oferta turística da ilha da Boavista baseia-se fundamentalmente nos recursos naturais em que o sol e as praias, os litorais extensos de areia branca, as condições climáticas favoráveis, com uma temperatura agradável e uma insolação constante durante todo o ano constituem atrações para a maioria dos turistas.

Com a abertura do aeroporto internacional, Boavista passa a ser o maior recetor de turistas em Cabo Verde, com cerca de 46.880 entradas no 3º trimestre de 2011, representando 41,4% das entradas neste período.

Recursos Turísticos Naturais

Áreas de Proteção Ambiental

A ilha da Boavista possui 14 Áreas Protegidas (AP), das 47 declaradas em Cabo Verde através do Decreto-Lei nº3/2003 de 24 de fevereiro de 2003. Segundo o mesmo decreto, definem-se como AP os espaços geográficos claramente definidos, reconhecidos, utilizados e geridos por meios legais eficazes, para alcançar a conservação da natureza, juntamente com os serviços e valores culturais associados ao ecossistema. Relativamente às AP da ilha pode-se destacar a realização de atividades turísticas nomeadamente; excursões, mergulho, observação de tartarugas marinhas e de aves.

Parque Natural do Norte

Representa a mais extensa da ilha, abarcando uma importante área marinha ao longo de toda a sua zona costeira correspondente a três milhas náuticas. O fundamento para a sua declaração foi o de acompanhar a conservação dos valores naturais (presença de áreas para a nidificação de tartarugas, presença de avifauna de interesse, principalmente aves de rapinas e estepárias, e caraterísticas geomorfológicas e paisagísticas).

Reserva Natural de Ponta do Sol

Localiza-se ao noroeste da ilha, desde praia de Ervatão, a norte de Nossa Senhora de Fátima, até à zona da ribeira de Poderoso, incluindo os alcantilados da praia de Ervatão e parte da plataforma superior de Chã de Ervatão, o setor montanhoso do Pico Vigia e Curral Preto, a ampla plataforma costeira (ilha baixa) no início do maciço montanhoso e os alcantilados e dunas fósseis presentes desde Farol de Ponta do Sol até próximo da ribeira de Poderoso.

Reserva Natural de Tartarugas

Localizado na parte oriental e sul da ilha, desde a base de Morro Negro até à Praia de Cruzinha Brito. Abarca uma importante área marinha ao longo de toda zona costeira que corresponde a três milhas náuticas. Os objetivos de proteção são a conservação das praias como áreas de nidificação de tartarugas, das zonas húmidas e terras salgadas importantes para as aves limícolas e migratórias e as colónias de aves marinhas de Ponta do Roque e os alcantilados de Morro Negro.

Reserva Natural de Moro de Areia

Localiza-se a sudoeste da ilha, desde a praia de Chaves até à costa de Santa Mónica. O objetivo é de preservar os processos ecológicos derivados da dinâmica arenosa e conservar os habitats de interesse para espécies endémicas e relevantes do arquipélago, como o rabo-dejunco, guincho, as tartarugas, o tubarão-gata e numerosos invertebrados.

Reserva Natural Integral Ilhéus Baluarte

Localiza-se a nordeste da ilha, frente às costas de Ponta do Rife, entre as antigas salinas e Porto Ferreira. É um ilhéu alongado em direção Este-Oeste, com uma altitude inferior a 5 metros sobre o nível do mar, de natureza basáltica, com superfície plana e rochosa.

Reserva Natural Integral Ilhéus dos Pássaros

Localiza-se a noroeste da ilha, em frente à Baía das Gatas. É um dos ilhéus menor tendo em conta a sua extensão superficial e a pouca altitude sobre o nível do mar, é um ilhéu plano e coberto de material de natureza sedimentar e arenosa. Está ligado à ilha principal por um cordão de recifes e rochas de natureza vulcânica. Os objetivos de proteção são a presença e nidificação de aves emblemáticas a nível nacional e mundial como o Pedreiro-azul (Pelagodroma marina) e o Pedreirinho (Oceanodroma castro).

Reserva Natural Integral Ilhéus do Curral Velho

Localiza-se a sul da ilha, em frente à Praia de Curral Velho, a nordeste da Ponta do Pesqueiro Grande. É um pequeno ilhéu que não ultrapassa os 5 metros de altitude máxima sobre o nível do mar, composto principalmente por material calcário muito fragmentado pela ação marinha, apresentando caraterísticas morfológicas litorais como espaços ocos e cavidades naturais mais conhecidas por “taffoni”. Os fundamentos de proteção são a presença e nidificação de aves emblemáticas a nível mundial e nacional tais como Fragata (Fregata magnificens), Alcatraz (Sula leucogaster), a Cagarrade- CaboVerde (Calonectris edwardsii), o Rabo-de-junco (Phaethon aethereus) ou o Pedreirinho (Oceanodroma castro).

Monumento Natural Monte Santo António

O maciço rochoso que forma o Monte de Santo António constitui uma das maiores altitudes da ilha, e forma, junto com a Rocha de Estância e o Monte Estância, uma das três formações orográficas mais singulares pela sua morfologia de fortaleza rochosa com a base quase circular levantada sobre uma extensa planície.

Monumento Natural Ilhéu de Sal Rei

Localizado a noroeste da ilha, em frente à Cidade de Sal Rei, é o ilhéu mais extenso em superfície dos que rodeiam a ilha, e o de maior altitude com 27 metros. Ao contrário dos outros, aqui afloram materiais basálticos e são escassas as formações calcárias, com praias arenosas nas zonas mais abrigadas. Os fundamentos de proteção são a presença de importantes valores naturais como as espécies de flora e fauna existentes e o valor histórico-cultural que proporciona o antigo forte do Duque de Bragança.

Monumento Natural Monte Estância

Localiza-se na parte sul-oriental da ilha, a poucos quilómetros da costa de João Barrosa. Os objetivos de proteção são os seus valores geomorfológicos e paisagísticos pela sua incidência visual e pela sua peculiar flora e fauna, endemismos florísticos e aves protegidas.

Monumento Natural Rocha Estância

O maciço rochoso que forma Rocha Estância é um dos relevos mais destacados da ilha, com 357 metros de altitude, limitada pelas seguintes ribeiras: ribeira Baixa, ribeira Doutor e ribeira Fonte. A finalidade da proteção é preservar os seus valores geomorfológicos, apresenta flora e fauna endémica e o valor paisagístico do seu relevo.

Paisagem Protegida de Curral Velho

Forma um dos espaços mais homogéneos paisagisticamente existentes na ilha. É composta por uma ampla planície circunscrita à bacia da Ribeira do Meio, que se abre entre duas escarpas rochosas. O objeto de proteção é a preservação da identidade paisagística, das caraterísticas naturais da sua geologia e geomorfologia (areias, calcários, praias e salinas) e a paisagem humana formada por currais e núcleos populacionais tradicionais.

Praias

Sendo uma das ilhas planas do arquipélago, a maior parte do seu litoral está constituída por extensas praias de areia branca e águas azul-turquesa, o que constitui sem dúvida um conjunto de atrativos naturais para o destino turístico Boavista.

Praia de Cruz

Praia de Cruz está situada na costa noroeste da ilha, nas imediações da Cidade de Sal Rei. Junto ao seu areal, encontram-se um hotel e um conjunto de infraestruturas habitacionais. Tem sido palco do Festival de Praia de Cruz um festival de música anual, privilegiando os músicos cabo-verdianos e tendo como pano de fundo o despertar de consciências para a proteção de tartarugas que desovam na ilha.

Praia de Estoril

Localizada nas imediações da cidade de Sal Rei a poucos minutos do centro, é uma praia extensa com ventos que proporciona boas condições para a prática de alguns desportos náuticos, com destaque para o kitesurf e o windsurf que vem ganhando expressão na ilha. A praia possui um conjunto de infraestruturas em toda sua orla, nomeadamente; restaurantes, bares, clubes de desportos náuticos e uma escola de kitesurf.

Praia de Chaves

Localizada na zona de Chaves, e das praias mais próximas da cidade é a mais extensa. Nas proximidades pode-se destacar três grandes infraestruturas turísticas, o Hotel Royal Decameron, o Hotel Iberostar e o Parque das Dunas Village, com um conjunto de equipamentos de praia de forma a proporcionar o conforto dos clientes na praia.

Praia da Varandinha

Varandinha está situada no sudoeste da ilha, é uma praia paradisíaca, sendo entrecortada por rochedos que dividem o seu extenso areal em areais de dimensão menor. É reconhecida pelas boas condições que oferece para a prática de desportos náuticos, como o surf e o Sand Board. Entre as formações rochosas que ostenta junto ao areal, destaca-se uma gruta natural, com vista para o mar, conhecida como Bracona.

Praia de Santa Mónica

A praia de Santa Mónica está situada no extremo sudoeste da ilha é considerada uma praia de grande beleza, apresentando um areal muito extenso, muito exposto e sem quaisquer sombras, e uma atmosfera quase selvagem, resultante do seu isolamento.

Praia da Talanta – Cargueiro naufragado em Setembro de 1968

Ainda relativamente às praias pode-se enumerar mais algumas, sendo elas; Praia David; Praia Farrapa; Praia do Curralinho; Praia de Curral Mateus; Praia de Lacacão; Praia de Curral Velho; Praia de Ervatão; Praia Mosquito; Praia Agostinho; Praia da Lancha; Praia de Derrubado e Praia de João Barbosa.

Deserto de Viana

O deserto de Viana, uma das sete maravilhas naturais de Cabo Verde, é um local de beleza inigualável, cheio de dunas de areia esbranquiçada formadas por areias transportadas pelos ventos vindos do deserto do Saara.

Observação de tartarugas marinhas

As tartarugas marinhas de Cabo Verde são consideradas um dos principais recursos naturais da ilha. A nível nacional a ilha representa a maior população da espécie caretta-caretta que nidifica nas praias da ilha e a segunda mais importante no Atlântico.

Observação de baleias

O arquipélago de Cabo Verde representa um dos lugares de reprodução de baleia no Oceano Atlântico Norte, concentrando o único stock reprodutivo desta espécie nas águas mais orientais deste oceano. Março e Abril são os meses com maior probabilidade de observar estes grandes cetáceos perto da costa oeste e sudoeste de Boavista.

Observação de corais

Os corais representam outro recurso natural com potencial para se converter num produto turístico. Na ilha existem comunidades coralinas que habitam geralmente baías resguardadas e pouco profundas que são interessantes pela diversidade de espécies marinhas que acolhem e pela presença de endemismos.

Dunas móveis

As areias organogénicas arrastadas pelos ventos e as correntes marinhas chegam à costa norte da ilha, dando lugar a extensas superfícies interiores, onde se acumulam originando em campos de dunas, continuamente alimentadas e modificadas pelo movimento dos ventos.

Morro de Areia

É um autêntico deserto à beira mar, num cenário impressionante, donde se avista um areal com o azul do Atlântico como pano de fundo sendo igualmente uma área de proteção ambiental.

O município de Boa Vista apresenta grande riqueza cultural tanto material como imaterial.

Recursos Culturais Materiais

Património Religioso

A importância do património religioso da ilha é refletida na existência de várias Igrejas e capelas católicas, resultado de vários períodos históricos. Como são os casos da Igreja de São Roque, a Igreja de Santa Isabel e das Capelas de Nossa Senhora da Conceição, e de Santo António.

Ruinas

Antiga Fábrica de Cerâmica

A antiga fábrica de cerâmica situada numa propriedade privada na praia de Chaves foi muito importante para a economia da ilha no passado.

Ruínas da Capela de Nossa Senhora de Fátima

A Capela de Nossa Senhora de Fátima está situada nas imediações da Cidade de Sal Rei, numa das zonas mais áridas da ilha, perto do mar e de uma praia, num ponto elevado.

Ruínas da Igreja de São Roque

Datada de 1806 é hoje a mais antiga construção sacra da Boavista. Atualmente a Igreja de São Roque, outrora Igreja Matriz do Rabil encontra-se fechada e em estado inicial de degradação.

Ruínas do Forte Duque de Bragança

Construído em 1818 no ilhéu de Sal Rei de forma a garantir maior segurança aos possíveis ataques de piratas. Restam ainda hoje, alguns vestígios da muralha e canhões enferrujados.

Cemitério Judeu

Situado nas imediações da praia de Cruz, constitui o testemunho da antiga presença de uma comunidade judaica radicada na ilha. O cemitério, em estado avançado de degradação durante longos anos, recentemente recebeu obras de restauro de forma a manter e preservar o seu valor histórico

Farol do Morro Negro

O Farol do Morro Negro situado a sudeste da ilha sendo um património construído representa um importante recurso turístico, muito embora em fase inicial de degradação.

Recursos Culturais Imateriais

Gastronomia Típica

No que diz respeito à gastronomia típica, a ilha destaca-se pela sua diversidade de pratos à base de peixes e mariscos. E também conhecida pelo famoso queijo de cabra e pela “botchada”, ainda que confecionados de forma tradicional.

Música e Dança

A ilha, apesar da sua reduzida dimensão demográfica, ocupa uma posição de revelo na produção cultural local e nacional. Sendo considerado por muitos estudiosos o berço da Morna, um dos géneros musical tradicional e mais representativo da identidade e cultura cabo-verdiana.

Festival da Praia de Cruz

O festival da Praia da Cruz é realizado anualmente num dos fins-de-semana do mês de agosto com duração de dois (2) dias. Contando com um leque de artistas locais, nacionais e internacionais.

Festival da Morna

O festival tem como foco principal a promoção da música tradicional cabo-verdiana em especial a morna, onde procuram ter a participação artística de todas as ilhas do arquipélago.

Feira de Artesanato

Realizada mensalmente pela Câmara Municipal na Praça de Sal Rei, com duração de um dia e que para além de artesanato tem como componentes a música e a gastronomia local tendo como propósito a promoção do artesanato local e da cultura boavistense.

A gestão ambiental ao nível local é efetuada pelo município através dos serviços de ambiente e saneamento, auxiliado por um conjunto de normas e planos que regem segundo as leis nacionais em matéria ambiental.

Sendo as condições ambientais e naturais o principal fator para o desenvolvimento turístico e também fator para a degradação do próprio ambiente, Cabo Verde cria em 1991 a Lei que estabelece as bases do desenvolvimento turístico, para em 1993 após a criação do Instituto Nacional do Turismo publicar o Decreto Legislativo que cria as zonas turísticas especiais: zonas de desenvolvimento turístico integral (ZDTI) e as Zonas de Reserva e Proteção (ZRPT).

A ilha da Boavista é das poucas ilhas de Cabo Verde que possui uma vasta área coberta de dunas e extensas praias que constituem valores naturais e paisagísticos inestimáveis.

As praias de areia branca que ocupam uma extensão superior a 50 km contribuem fortemente para URBANOS a valorização natural e paisagística da ilha. Esta conta ainda com uma grande diversidade de ecossistemas com elevado valor para a conservação da natureza, a destacar: a existência de inúmeros ilhéus (Baluarte, Curral Velho, Pássaros) fazendo parte da rota das aves migratórias e servindo de locais de nidificação de espécies ameaçadas e raras no mundo; grandes extensões de praias que propiciam a desova de tartarugas marinhas; extensas áreas de crostas calcárias e a existência de várias zonas húmidas.